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​Racismo em Colatina: entidades denunciam omissão da Câmara e do prefeito

Protesto em apoio à influenciadora Carol Inácio não obteve espaço no legislativo e caso  é ignorado por Balestrassi

Divulgação

O Movimento de Mulheres Negras de Colatina e Região Zacimba Gaba realizou um protesto contra o racismo sofrido por uma de suas integrantes, a influenciadora digital Carol Inácio. O grupo havia solicitado ao presidente da Câmara Municipal, Jolimar Barbosa da Silva (PL), espaço na Tribuna Livre, mas não obteve retorno da demanda. Diante disso, foi realizado um protesto em frente ao legislativo nessa segunda-feira (16), tendo como um dos propósitos tentar espaço de fala, o que também não aconteceu. 

“O presidente da Casa é um homem negro, sabe de tudo que ele passa ali enquanto presidente, por ser um homem negro, mas não se posicionou, não mandou uma fala de apoio. Se não queria aparecer, que pelo menos enviasse uma fala de apoio”, destaca a integrante do Movimento e presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Colatina e Governador Lindemberg (SISPMC), Eliane Fatima Inacio.

Durante a manifestação, o microfone ficou aberto para quem quisesse se pronunciar. “Foi importante o ato na praça, pois Colatina faz 100 anos e são 100 anos de omissão sobre as demandas da sociedade, que são a luta contra o racismo, machismo e homofobia. E Colatina mais uma vez não se manifestou na pessoa dos representantes legais da cidade, como a Câmara e o prefeito [Guerino Balestrassi, PSC]”, critica.
Uma das defesas feitas pelos movimentos sociais presentes no ato, segundo Eliane, foi de que é preciso ocupar a Câmara. “Nosso segundo passo é ocupar, é um espalho nosso”, diz a militante.

Participaram da manifestação, além do Movimento de Mulheres Negras e do Sindicato dos Servidores, entidades como Movimento Juventude Popular em Disparada, Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Vestuário de Colatina e Região (Sintvest).

Durante o ato também foi lida uma nota de repúdio assinada por 30 entidades. No documento, afirmam que o ocorrido com Carol Inácio “foi mais uma mostra da dura realidade que ainda permeia o dia a dia de algumas mulheres pretas em nosso município”. Trata-se de “uma postura racista e misógina de ódio aos negros e às mulheres que, infelizmente, ainda se faz presente em uma parcela de nossa sociedade”.
O documento ressalta que Carol “é fruto de toda luta feminista que está gerando um mundo com igualdade de oportunidades entre homens e mulheres”, além de “fruto do ventre de uma mulher preta e trabalhadora que sempre lutou para que a filha ocupasse seus espaços”.
A nota foi assinada pelo Negras conectadas, Centro Desportivo de Capoeira e Cultura Afro-brasileira – Nação Malungos, Grupo Orgulho Liberdade e Dignidade (Gold), Paysandu Time de Futebol Feminino, Batalha do Bowl – Batalha de Rima, Grupo Beneficente Mãos que se Cruzam, MAB, Movimento de Pescadores de Colatina, União de Negros Pela Igualdade (Unegro), Movimento Negro Unificado (MNU), Quilombo Raça e Classe, Círculo Palmarino, Bloco Afrokizomba, Conectando Mulheres, Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda, Coletivo Lares Aracruz, Associação de Mulheres Unidas da Serra (Amus), Associação Canários Senzala, Coletivo Feminista de Guarapari – Mulheres que Lutam, União Cachoeirense de Mulheres, Rede Sustentabilidade, Fórum de Mulheres do Espírito Santo, Instituto Elimu, Fórum de Mulheres de Cariacica, Coletivo Beco, Coletivo Afoxé, Cine Por Elas, Centro de Estudos Bíblicos do Espírito Santo (Cebi/ES) e Templo de Umbanda Imaculada Conceição – Colatina/ES.
Racismo
Carol Inácio registrou um Boletim de Ocorrência (BO) no último dia nove, após ter sofrido pela segunda vez ataques racistas nas redes sociais. Ela é afroencer, termo que mistura afro com influencer, e tem um perfil no Instagram, o @afrocarol, em que aborda temas como feminismo negro e empoderamento feminino, o que acredita ter motivado as agressões.
O ato de racismo ocorreu em oito de agosto, quando Carol foi inserida em um grupo de WhatsApp chamado Realities Red Pill Opressor, com cerca de 130 pessoas. Entre as mensagens enviadas para o grupo, ofensas como “negra porca” e “negro fede”, além de menções ao nazismo e a Hitler.
Esta não foi a primeira agressão sofrida por Carol Inácio. Ela recorda que em 22 de julho, após postar um vídeo de sua mãe e sua tia se vacinando contra a Covid-19 e gritando “Viva o SUS!” e “Fora, Bolsonaro!”, ela foi inserida em um grupo de WhatsApp chamado “Abaixo o Negrismo”, com cerca de 30 pessoas, no qual a postagem dela foi publicada.
Carol relata que saiu do grupo e depois recebeu uma mensagem de uma pessoa que estava nele, perguntando “e aê?”, mas a bloqueou. Posteriormente, outra pessoa que estava no grupo enviou prints das mensagens enviadas para a militante, após Carol ter bloqueado. De acordo com a afroencer, nos prints sua tia e sua mãe eram chamadas de “imundas” e “dois lixos”. Além disso, foi dito que ela “paga de militante e saiu do grupo porque não quer debate”.

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