Quinta, 28 Março 2024

'Aula presencial apenas com professores recém-vacinados com a D1 não é seguro'

professor_aula_presencial_caminhos_da_reportagem_tv_brasil Caminhos da Reportagem/TV Brasil

Não é seguro o retorno das aulas presenciais em todos os níveis a partir do dia 21 de junho em todo o Estado, incluindo municípios em risco alto de transmissão do coronavírus (SARS-CoV-2), conforme anunciado pelo governador Renato Casagrande nessa sexta-feira (11). A avaliação é de educadores ouvidos por Século Diário, que representam o Laboratório de Gestão da Educação Básica (Lagebes/Ufes) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes).

"Semana que vem 100% dos profissionais de Educação estarão vacinados com a AstraZeneca, que provoca uma imunidade grande já na primeira dose", destacou Casagrande, alegando que essa vacinação, somado com a melhoria da classificação dos municípios no Mapa de Risco que entra em vigor nesta segunda-feira (14), cria um cenário de segurança para o retorno dos trabalhadores e alunos para as salas de aula, mesmo em municípios que estiverem em vermelho no mapa.

O retorno, declarou o governador, seguirá as regras atuais, em que os alunos são divididos em grupos que se alternam semanalmente nas aulas presenciais.

"A partir do dia 21, voltam a educação fundamental, o ensino médio, o ensino superior, os técnicos, todos os níveis. Só se voltarmos a risco extremo, poderemos fazer alguma mudança nessas regras", afirmou, argumentando que "controlando e coordenando a gestão da pandemia, podemos retornar as aulas nas escolas em benefício para nossa juventude" e que "a cada semana a gente discute se pode dar mais passos".

A decisão, no entanto, contraria uma série de recomendações científicas, promessas feitas pelo governo do Estado e reivindicações exaustivamente encaminhadas pelos educadores capixabas.

Contexto epidemiológico inseguro

Os indicadores da pandemia, por exemplo, apesar de apresentarem melhoras em comparação ao pico atingido na última onda, ainda estão bem longe do que a ciência recomenda como seguro para a reabertura das escolas, como didaticamente estabelece a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). O Estado nunca atingiu os oito indicadores da Fiocruz, nem mesmo em janeiro deste ano, num momento de interstício entre duas ondas.

Mais grave ainda é que, além de não haver o contexto epidemiológico seguro, as medidas de controle e monitoramento das infecções e óbitos, recomendadas pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), também não estão previstas de implementação em nenhuma escola capixaba, pública ou privada, podendo triplicar o número de infecções entre a comunidade escolar, quando comparado com a manutenção das aulas exclusivamente remotas.

Mesmo a alegada vacinação plena dos trabalhadores da Educação, ainda não aconteceu. Apenas os professores estão sendo imunizados, incluindo os que estão sem salas de aula e os que estão em cargos de coordenação pedagógica, mas deixando de fora uma série de categorias profissionais de apoio.

E, entre os professores e pedagogos, apenas a primeira dose terá sido aplicada antes do prazo determinado para o retorno presencial. A resposta imunológica completa, no entanto, só acontece no organismo três semanas após a aplicação da segunda dose.

Falta transparência

E, não menos importante, há a recusa em distribuir máscaras filtrantes – PFF2 ou N95 – aos profissionais, e ausência de comprovação sobre os possíveis benefícios pedagógicos desse retorno presencial, principalmente agora, com a maior presença das variantes do vírus.

Coordenadora do Lagebes, a professora da Ufes e doutora em Educação Gilda Cardoso repudia o retorno presencial irrestrito neste mês, listando todos os pontos acima, sistematicamente negligenciadas pelo governo do Estado, no afã de atender à pressão do capital privado que, mesmo sendo uma concessão estatal para funcionar e atendendo a menos de 20% da comunidade escolar do Espírito Santo, tem ditado as regras do ensino durante a pandemia.

"Calcular o risco pelo número de leitos desocupados? O próprio governador fala que outros estados estão em ascensão [nos indicadores da pandemia]. O Espírito Santo está numa queda que não é expressiva, o que é muito pior, porque quando voltar a subir, vai ser a partir de um patamar ainda alto. E, mesmo assim, o governo abre tudo! Quantas pessoas mais vão precisar morrer?", indigna-se.

Vacinação limitada

A extensão da vacinação, especialmente, é frontalmente contradita. "Quem está nos grupos de vacinação de todas as prefeituras são apenas os professores. E a escola tem outros trabalhadores, que são os mais vulneráveis. Se essas pessoas não têm 50 anos ou mais, não têm deficiência ou não têm comorbidades, estão expostas ao risco e ainda mais sem os EPIs adequados. Esses serviços, praticamente na totalidade das escolas, são feitos por terceirizados, desde o porteiro passando pela limpeza, até a merenda", expõe Gilda.

Sem falar nos alunos, que, devido à lentidão do governo federal em disponibilizar doses para os estados e municípios, ainda muito distantes de um horizonte de imunização, apesar da autorização dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação da Pfizer em crianças a partir de 12 anos.

A coordenadora do Lagebes faz também um apelo para que os trabalhadores se unam mais e promovam outras formas de reivindicação junto ao governo do Estado. "Por uma questão de solidariedade aos trabalhadores terceirizados, que sabemos como estão fragilizados do ponto de vista sindical, é mais do que justo uma greve sanitária da Educação", pondera, remetendo-se a uma possibilidade já levantada por coletivos de educadores capixabas no final de 2020.

O Sindiupes concorda com a falta de segurança do retorno anunciado para os municípios em risco alto. Diretor de Comunicação da entidade, Gean Carlos Nunes também se apoia no contexto nacional para exacerbar o perigo de abrir a guarda no Espírito Santo.

"Nunca fizemos um lockdown de verdade, temos um 'genocida' no comando do país, provocando aglomerações, pedindo para as pessoas não usarem máscaras", lembra, citando países como Israel, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, "que estão voltando à rotina, mas com segurança, porque a maior parte da população está vacinada. Aqui não é assim. Nem 30% da população foi imunizada. O Brasil precisa vacinar quase três milhões de pessoas por dia, mas não temos feito nem 10% disso".

O Sindicato, afirma, "conclama o governador para que acelere a vacinação". "Queremos muito retomar as nossas atividades, nosso trabalho, nossa vida pública, mas num contexto de segurança".

Além do Executivo, também os poderes Legislativo e Judiciário capixabas precisam mudar o rumo da gestão, avalia o diretor sindical. "Estamos de olho na Assembleia e seu clamor de abrir tudo. O Judiciário não se posicionou em nenhuma das três ações que impetramos junto com a Assopaes [Associação de Pais de Alunos do Espírito Santo]", relata.

Em seus canais de comunicação, o Sindiupes tem recebido constantes denúncias de contaminações em escolas de todo o Estado – assim como a Defensoria Pública, o gabinete do deputado Sergio Majeski (PSB) e o Coletivo Resistência e Luta ES – mas o panorama real não consegue ser enxergado, pois os dados oficiais não são disponibilizados. "Falta transparência e bom senso das autoridades", reclama.

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Comentários: 4

Martha em Segunda, 14 Junho 2021 13:50

Na Copa das Copas do PT, em vez de ser construir hospitais, construiu-se prédios inúteis.

O PT é brega, cafona, barango e o Kitsch político. Além de ser truculento e falso. Utilizar de tudo quanto é artimanha publicitária para enganar as pessoas constantemente, eis aí o jeitão petista de ser (não é durante eleição não. É sempre o ano todo!).

Engraçado, a direita tomou as ruas no 1º de maio. Dia do Trabalho. Dia do Trabalhador. Achei esquisito. A esquerda covarde, sumiu... Ficou apenas na friorenta internet e online (fraqueza cognitiva).

Só se for o Jerry Lewis mesmo. Esse palhaço comunistinha. Picareta e vigarista como costumam ser bem por dentro. Todos fingidos de boas madres Tereza de Calcutá, esses do PCdoB, -- e isso é o pior. idem o Dino-Sauro.

Pois se fazem de Cordeirinhos, quando são Raposas e o Lobo Mau do Chapeuzinho Vermelho.

Bom, a esquerda caviar é mais ou menos como a capa do livro do Constantino. Um cara mais experiente. Sentado em seu sofá, fumando um charuto cubano.

A esquerdinha caviar é mais esse pessoal que dá a mão para fazer ciranda. Canta emocionado "um outro mundo é possível". O narciso se destaca quando coloca uma tarjinha em volta da foto do Facebook ( Diz a si mesma: "-- Já sou de esquerda! Coloquei minha tarjinha!"). Toda pós-moderninha. Gente de várias idades (tem barbudo também), tipo Duvivier (Duvivier é esquerdinha caviar). Mas em geral é novinha, como aquelas moças que xingam caso você fale: "Alta-cultura!"(Só admitem vocabulário pós-moderno...).

Na Copa das Copas do PT, em vez de ser construir hospitais, construiu-se prédios inúteis. O PT é brega, cafona, barango e o Kitsch político. Além de ser truculento e falso. Utilizar de tudo quanto é artimanha publicitária para enganar as pessoas constantemente, eis aí o jeitão petista de ser (não é durante eleição não. É sempre o ano todo!). Engraçado, a direita tomou as ruas no 1º de maio. Dia do Trabalho. Dia do Trabalhador. Achei esquisito. A esquerda covarde, sumiu... Ficou apenas na friorenta internet e online (fraqueza cognitiva). Só se for o Jerry Lewis mesmo. Esse palhaço comunistinha. Picareta e vigarista como costumam ser bem por dentro. Todos fingidos de boas madres Tereza de Calcutá, esses do PCdoB, -- e isso é o pior. idem o Dino-Sauro. Pois se fazem de Cordeirinhos, quando são Raposas e o Lobo Mau do Chapeuzinho Vermelho. Bom, a esquerda caviar é mais ou menos como a capa do livro do Constantino. Um cara mais experiente. Sentado em seu sofá, fumando um charuto cubano. A esquerdinha caviar é mais esse pessoal que dá a mão para fazer ciranda. Canta emocionado "um outro mundo é possível". O narciso se destaca quando coloca uma tarjinha em volta da foto do Facebook ( Diz a si mesma: "-- Já sou de esquerda! Coloquei minha tarjinha!"). Toda pós-moderninha. Gente de várias idades (tem barbudo também), tipo Duvivier (Duvivier é esquerdinha caviar). Mas em geral é novinha, como aquelas moças que xingam caso você fale: "Alta-cultura!"(Só admitem vocabulário pós-moderno...).
João em Segunda, 21 Junho 2021 09:18

Estão certíssimos!

Estão certíssimos!
Seu Madruga em Quinta, 24 Junho 2021 00:49

Esses aí não querem trabalhar nunca. Coitadas das nossas crianças. Apesar que tem um lado positivo para as crianças, claro, não estão sendo catequizadas por essa turma que em sua grande maioria é comunista.

Esses aí não querem trabalhar nunca. Coitadas das nossas crianças. Apesar que tem um lado positivo para as crianças, claro, não estão sendo catequizadas por essa turma que em sua grande maioria é comunista.
João José Barbosa Sana em Quinta, 01 Julho 2021 21:55

Se o governo quer retomar as aulas a qualquer preço, então torna-se necessário ampliar a cobertura vacinal e contemplar o máximo possível de adolescentes de acordo com o que já tem autorização para vacinar, a partir dos 12 anos. Além disso, defendemos que seja feita testagem em massa para se avaliar a circulação do vírus entre as crianças e adolescentes.

Se o governo quer retomar as aulas a qualquer preço, então torna-se necessário ampliar a cobertura vacinal e contemplar o máximo possível de adolescentes de acordo com o que já tem autorização para vacinar, a partir dos 12 anos. Além disso, defendemos que seja feita testagem em massa para se avaliar a circulação do vírus entre as crianças e adolescentes.
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