Quinta, 25 Abril 2024

Secretária de Educação não acata MPES e mantém reorganização curricular

Juliana_Rohsner_secretariavitoria_redessociais Redes sociais

O prazo determinado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para que a Secretaria de Educação de Vitória (Seme) anulasse a reorganização curricular das escolas da rede municipal, expirou sem providências da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos). O professor e diretor executivo do grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix), Aguinaldo Rocha de Souza, afirma que a entidade já contatou o MPES e espera que a instituição "tome uma atitude, possivelmente, uma ACP [Ação Civil Pública]".

A reorganização escolar foi estabelecida pela gestão municipal na Portaria 91, publicada em 23 de dezembro de 2021. Aguinaldo recorda que a secretária de Educação, Juliana Roshner, chegou a encaminhar a proposta de reorganização curricular para o Conselho Municipal de Educação de Vitória (Comev), sendo esse "um sinal de que ela reconhece que o Comev é o órgão que tem competência para deliberar", e o parecer foi contrário.

"Ela age de maneira arbitrária e, de certa forma, ilegal, ao publicar a Portaria, pois já existe a Resolução 07/2008, criada por meio de uma Portaria e que estabelece as normas relativas à organização e funcionamento do Ensino Fundamental. Criar uma Portaria sem revogar a outra é ilegal. Temos duas portarias em vigor", aponta.

Aguinaldo afirma que a situação tem causado "uma confusão que envolve trabalhadores da educação, famílias e prestadores de serviços". "Muitas indagações não são respondidas. A quem seguir? O executivo ou o Comev? As empresas de transporte escolar irão buscar os alunos que horas? Quem ficará com os alunos após o horário final da saída? Isso altera a rotina geral das famílias, que não foram ouvidas pela Secretaria de Educação", denuncia.

Essas indagações surgem por causa das mudanças de horário de saída dos estudantes. Por meio da Portaria, a gestão municipal modifica os artigos 5º e 6º da Resolução nº 07/2008. O 5º determina que "a jornada escolar terá duração de 4 horas e 10 minutos de efetivo trabalho letivo, excluídos os 20 minutos para o horário do recreio", passando, de acordo com a proposta da Seme, a ter duração de "4h e 35 minutos de efetivo trabalho letivo, excluídos os 25 minutos para o horário do recreio". No artigo 6º, que prevê duração de hora/aula de 50 minutos, a mudança seria o acréscimo de cinco minutos, totalizando 55.

Os estudantes hoje são atendidos na Educação Infantil e no Ensino Fundamental nos seguintes horários: 7h às 11h30 no turno matutino, 13h às 17h30 no vespertino, e 18h às 22h na Educação de Jovens e Adultos. Conforme consta na proposta da Seme, as mudanças de carga horária fariam com que no turno matutino a jornada escolar passasse a ser das 7h às 12h e, no turno vespertino, de 13h às 18h.

Pela proposta, os professores ficariam 30 minutos a mais em sala de aula, período este destinado a atividades de planejamento e cuidado com as crianças, enquanto elas esperam os pais para buscá-las.

A Notificação Recomendatória 1/2022, do MPES, é assinada pela promotora Maria Cristina Rocha Pimentel e endereçada à secretária Juliana Rohsner. O descumprimento da Notificação, alerta a promotora, "poderá acarretar a propositura da competente Ação Civil Pública, além de outras medidas judiciais e extrajudiciais".

Entre as ilegalidades da Portaria apontadas na Notificação está o "total desacordo com a Resolução Comev 06/1999 (educação infantil) e Resolução Comev 07/2008 (ensino fundamental), bem como com a Lei Orgânica do município de Vitória, Lei do Sistema de Ensino de Vitória e Lei da instituição do Comev".

O Conselho, expõe o órgão ministerial, é um "órgão colegiado, de caráter deliberativo sobre a política educacional do município", incluindo sobre questões relacionadas à "alteração de carga horária e organização curricular".

A Notificação cita a audiência pública ocorrida no dia 13 de dezembro passado, que teve a presença de segmentos como a Seme, o coletivo Professores Associados pela Democracia em Vitória (PAD-Vix), o Comev e o Fórum de Diretores, onde o tema da organização curricular do ano letivo de 2022 foi discutido. E menciona as "inúmeras reuniões ordinárias e extraordinárias da Comissão de Legislação e Normas e Plenárias do Comev, bem como oitivas e discussões externas com movimentos sociais, famílias e academia, as quais objetivaram a fundamentação do Parecer acerca do tema, antes de sua votação final em Plenária, ocorrida no dia 30 de dezembro de 2021".

Manifestações

A proposta de reorganização foi apresentada pela secretária Juliana Roshner em outubro. Desde então, os trabalhadores da educação de Vitória chegaram a fazer três manifestações. A primeira foi em 24 de novembro, na Câmara de Vereadores. O protesto, que começou em frente à sede do legislativo municipal, terminou no plenário, onde ocorria a sessão ordinária, que foi encerrada diante do tumulto causado por ofensas proferidas pelo vereador Gilvan da Federal (Patri).

O secretário municipal da Fazenda, Aridelmo Teixeira, que durante apresentação do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA), afirmou que a educação municipal "é de péssima qualidade", também foi alvo de protestos. Em primeiro de dezembro, os trabalhadores voltaram às ruas. Na parte da manhã eles protestaram em frente à Câmara, à tarde, na Secretaria Municipal de Educação, onde foram surpreendidos com o fato de o prédio estar fechado, mesmo sem aviso prévio.

Trabalhadores da educação voltam às ruas para protestar em Vitória

Durante ato na Câmara, ao defender a categoria, vereadora Camila Valadão foi novamente agredida por Gilvan da Federal
https://www.seculodiario.com.br/educacao/trabalhadores-da-educacao-de-vitoria-realizam-protestos

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Comentários: 3

PROF. VINICIUS em Quarta, 02 Fevereiro 2022 08:38

Estudei com a Secretária de Educação de Vitória, a Juliana, no Mestrado em Ensino de Humanidades. Na época, ela era uma pessoa muito simples, não sei como anda hoje. Era diretora do estado, se não me engano, em Central Carapina. Fazia cursos e estudava sobre Paulo Freire e as minorias sociológicas. É lamentável, o que ela tem feito na esfera da educação, sob os maus agouros da gestão Pasolini...

Estudei com a Secretária de Educação de Vitória, a Juliana, no Mestrado em Ensino de Humanidades. Na época, ela era uma pessoa muito simples, não sei como anda hoje. Era diretora do estado, se não me engano, em Central Carapina. Fazia cursos e estudava sobre Paulo Freire e as minorias sociológicas. É lamentável, o que ela tem feito na esfera da educação, sob os maus agouros da gestão Pasolini...
Gustavo Suzana Vieira em Sábado, 05 Fevereiro 2022 19:34

Ela é professora da Fucape! Sr. Aridelmo é dono da Fucape! Os dois querem sucatear a educação de Vitória. Os comentários que Aridelmo faz sobre a educação é para incutir na mente da sociedade que a educação de Vitória não presta, para minar a educação. Imagine os interesses!!! Imagine o que Juliana e Aridelmo estão armando por trás dos bastidores!!!

Ela é professora da Fucape! Sr. Aridelmo é dono da Fucape! Os dois querem sucatear a educação de Vitória. Os comentários que Aridelmo faz sobre a educação é para incutir na mente da sociedade que a educação de Vitória não presta, para minar a educação. Imagine os interesses!!! Imagine o que Juliana e Aridelmo estão armando por trás dos bastidores!!!
carlos em Segunda, 07 Fevereiro 2022 17:36

Sucatear a Educação aumentando a grade curricular? Bem comentário de quem de vive r do dinheiro alheio.

Sucatear a Educação aumentando a grade curricular? Bem comentário de quem de vive r do dinheiro alheio.
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Sexta, 26 Abril 2024

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