Quinta, 18 Abril 2024

‘O que está acontecendo aqui é uma ditadura ministerial’, denunciam entidades

‘O que está acontecendo aqui é uma ditadura ministerial’, denunciam entidades

“O que está acontecendo aqui é uma ditadura ministerial”. A afirmação é do presidente da Associação Nacional dos Servidores do Ministério Público  (Ansemp), Aldo Clemente, após o ato realizado na manhã desta sexta-feira (18) em frente ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), organizado pelo sindicato e pela associação dos servidores do MPES (Sindisempes e Assempes), com apoio da federação das associações (Fenamp). 


Com carro de som e faixas, os servidores denunciaram o que consideram desmandos da gestão do procurador-geral de Justiça, Eder Pontes, à frente do órgão ministerial capixaba e anunciaram a propositura de mais uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF). A primeira, impetrada em 2016, informa Aldo Clemente, está sob relatoria do ministro Ricardo Lewandowisky, mas parada no Supremo. 



“No Ministério Público do Espírito Santo estão acontecendo fatos repudiados em nível nacional. É impressionante, pois o papel do Ministério Público é exatamente defender a Constituição Federal de 1988, a sociedade e a democracia. Esse deve ser o modus operandi do Ministério Público”, ressalta o presidente da Ansemp, enfatizando que “são pouquíssimos os estados” onde ainda acontecem esses fatos. 



Durante o ato, foram enunciadas atitudes cotidianas que caracterizam “uma verdadeira ditadura contra os servidores”. “O servidor não pode opinar, descordar, o sindicato não pode também. Tem perseguições com Processos Administrativos [PADs] contra vários servidores por tão somente manifestarem sua opinião e discordar da gestão do MPES”, relata. 






Comentários e postagens nas redes sociais têm sido motivo para os processos contra os servidores, diz Aldo. “É amordaçar a voz dos servidores, que são a engrenagem principal. Nenhum promotor faz qualquer trabalho sem eles”, declara.  



Além das perseguições e da lei da mordaça, as entidades também ressaltam deficiências na carreira dos servidores no Estado, “uma das piores do Brasil”, sem um plano de cargos e salários que atenda às necessidades.



Os cargos comissionados são outra "aberração", que contará na ADI. Em julho último, a Assembleia Legislativa e o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), aprovaram, apesar dos protestos das entidades, o pedido de Eder Pontes para criar novos 307 cargos comissionados no MPES. 



Somando aos já existentes, lembra Aldo Clemente, são mais de 500 cargos comissionados a inchar o órgão capixaba, enquanto os servidores efetivos estão em torno de 400. A situação contraria o artigo 37 da Constituição Federal, que determina que os cargos comissionados são exceção no serviço público e que a via de entrada é o concurso público. “Se tivesse sido aprovado isso por qualquer prefeito do interior, ele já estaria com seus bens bloqueados e respondendo à ação civil pública”, compara. 



O ato desta sexta-feira aconteceu pela falta de diálogo com Eder Pontes, acentua Aldo Clemente. “A associação nacional passou vários ofícios pedindo reunião com o procurador-geral, mas não fomos atendidos. Ele não recebe o sindicato nem a associação, nem local, nem nacional”. 



A situação tem adoecido os servidores. “É um ambiente insalubre para o trabalho. Mentalmente insalubre”, classifica, devido principalmente ao clima de perseguição e de ameaça. “Estamos atentos ao Ministério Público do Espírito Santo. As entidades nacionais estão atentas e vigilantes aos desmandos e ameaças contra servidores”, afirma. Além da nova ADI, outras ações podem ser ajuizadas, em nível estadual. 



Na pauta de reivindicações dos servidores, estão: plano de cargos e salários justo; recomposição salarial de acordo com a inflação; mesa de negociação permanente; quebra de barreiras entre membros e servidores; fim da imposição do silêncio e da mordaça; contra a retaliação das manifestações respeitosas; inclusão do servidor público nas decisões da instituição; e abertura de processos de remoção com transparência. “Servidor satisfeito é servidor participante. Temos muito a colaborar”, entoam os servidores.

Veja mais notícias sobre Justiça.

Veja também:

 

Comentários: 1

VINICIUS DA SILVA em Sexta, 29 Janeiro 2021 11:48

Quando disse que caso esse fato fosse realizado por um prefeito do interior os bens dele já estavam congelados, provavelmente tirou da conta o município de Castelo, cujo se há 38 servidores comissionados na câmara municipal ( legislativo) e apenas 01 servidor efetivo, mesmo com concurso público vigente desde 2018.

Quando disse que caso esse fato fosse realizado por um prefeito do interior os bens dele já estavam congelados, provavelmente tirou da conta o município de Castelo, cujo se há 38 servidores comissionados na câmara municipal ( legislativo) e apenas 01 servidor efetivo, mesmo com concurso público vigente desde 2018.
Visitante
Quinta, 18 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/