Sábado, 04 Mai 2024

ArcelorMittal responde a questionamentos de ambientalistas

ArcelorMittal responde a questionamentos de ambientalistas
O gerente de Meio Ambiente da ArcelorMittal, Guilherme Abreu, entregou nesta semana o documento com as respostas aos questionamentos especificamente direcionados à empresa, apresentados na primeira audiência sobre a poluição do ar na Assembleia Legislativa, pelo grupo SOS Espírito Santo Ambiental.
 
As respostas da ArcelorMittal ainda não são satisfatórias para a entidade, mas o grupo afirma que, ao menos, a empresa – que se recusa a aceitar o título de poluidora – abre um diálogo com a sociedade. Ao contrário da mineradora Vale, cujos representantes na audiência prometeram, porém não responderam aos questionamentos. A Vale também não se pronunciou com relação às emissões particuladas que emite.
 
O primeiro questionamento foi referente às recorrentes advertências recebidas em setembro do ano passado devido às emissões, ao qual a Arcelor respondeu, se baseando em leis, que "utiliza do direito de recorrer às advertências recebidas para os devidos esclarecimentos dos fatos ocorridos". A siderúrgica também afirmou que a resposta à advertência foi enviada no mês seguinte ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), incluindo um plano de ação para a redução de emissões fugitivas no desenfornamento de coque.
 
Nesse plano de ação, a empresa apresenta "soluções de contenção do poluente" e uma tabela com os valores do monitoramento contínuo, realizado por ela mesma. Segundo a Arcelor, as emissões estão dentro dos parâmetros legais para gases como o dióxido de enxofre (SO2). 
 
Entretanto, não há menção às emissões de gás carbônico (CO²), na qual a Arcelor é campeã. Com base em dados dos Cálculos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a partir de 2014, a siderúrgica emitirá, sozinha, cerca de 19 milhões de toneladas de CO² no ar da Grande Vitória. Em 2012, eram 11,2 milhões.
 
Sobre a negativa de assinar um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) com o Ministério Público Estadual (MPES), a Arcelor disse que não se negou a assiná-lo, mas também não respondeu se o assinará. Limitou-se a dizer que reuniões entre as comunidades, entre 2009 e 2010, foram realizadas, mas que as propostas de melhoria nos controles ambientais apresentadas não foram aceitas.
 
Sobre a acusação de prática de racismo ambiental, a Arcelor respondeu que "não realiza essa prática em nenhuma de suas unidades instaladas pelo mundo". Ainda segundo a siderúrgica, sua qualificação como grande poluidora seria uma "premissa inadequada".
 
Números
 
Embore conteste, a Arcelor responde junto com a Vale pelos poluentes lançados no ar da Grande Vitória que causam, além da sujeira, doenças à população capixaba. 
 
Em recente ação civil pública, a Associação Nacional Associação Nacional dos Amigos do Meio Ambiente (Anama) enumera os impactos gerados pela empresa, como a emissão de micro-partículas (PM 10), que se acumulam nos pulmões causando fibroses, bronquites, asmas, doenças cardíacas, cânceres, sinusites e alergias, além de dióxido de enxofre (SO2), que combinado com a hemoglobina, forma ácido sulfúrico, causando enfermidades - Vitória é a capital brasileira com maior concentração deste poluente na atmosfera. 
 
A Anama também pontua que no processo de queima de óleo há liberação de dióxido de azoto ou dióxido de nitrogênio (NO2), gás tóxico irritante para os pulmões e responsável por diminuir a resistência do organismo às infecções respiratórias. Há ainda emissão de monóxido de carbono, que bloqueia o transporte de oxigênio pela hemoglobina, causando angina e infarto em pacientes coronarianos. 
 
Outros gases altamente nocivos, como o benzeno, são lançados no ar pela Arcelor. O benzeno, destaca a entidade, é um hidrocarboneto cíclico aromático, um líquido incolor volátil e altamente inflamável, produto secundário na produção de coque. 
 
De acordo com a Anama, a empresa também é responsável pela poluição e assoreamento da Praia de Camburi, em Vitória, já que durante anos lançou efluentes no mar, ocasionando o decréscimo da fauna marinha. 
 
Além disso, que o processo siderúrgico é emissor de Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxidos de Enxofre (SOx) e Óxidos de Nitrogênio (NOx) - que com a umidade presente no ar e formam, respectivamente, ácidos de enxofre e ácidos de nitrogênio, responsáveis pelo fenômeno “chuva ácida”. Também são emitidos Etano (C2H6), materiais particulados e poluentes orgânicos, causadores de diferentes tipos de câncer. 
 
Em outra ação, a ArcelorMittal e réu junto com a Vale em pedido de condenação ao ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), em suas esferas estadual e municipais, pelos gastos gerados com enfermidades provocadas pela poluição do ar. O autor é o ambientalista Eraylton Moreschi Junior, coordenador do grupo SOS Espírito Santo Ambiental.

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