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Sindicato denuncia Vale, Samarco e CSN por criminalização dos movimentos sociais

O Sindicato Metabase Inconfidentes, de Minas Gerais, divulgou uma carta, com ajuda da campanha Justiça nos Trilhos, em que detalha a tentativa de criminalização dos movimentos sociais na região dos inconfidentes por parte das mineradoras Vale, Samarco e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Os sindicatos exigem que seja respeitado o direito de protestar e lutar, e afirmam que as práticas das empresas comprovam que a Justiça e a polícia só defendem os ricos. “É o que muitos trabalhadores já sabem e sentem na própria pele”.
 
Na carta, são retratados os protestos realizados há um ano pelos moradores do distrito de Antônio Pereira, no município de Ouro Preto, que apesar de conviverem com as estradas de ferro tanto da Vale como da Samarco, não viram, até agora, melhorias na comunidade. No último dia 16, como relatam, as mineradoras utilizaram a policia e a Justiça para tentar criminalizar o movimento sindical e as lutas populares, que mais uma vez reivindicavam condições básicas de trabalho, seguranças, saúde e transporte. 
 
A carta também denuncia que a Vale desligou, de forma injusta e absurda, o diretor sindical e morador da comunidade Antônio Pereira, Vander Luis. Para o sindicato, a atitude não tem fundamentação. “A Vale utiliza mais uma vez o método de perseguição aos dirigentes do nosso sindicato para tentar calar a voz daqueles que querem lutar. Vander é morador da comunidade Antônio Pereira e, assim como a população local, sofre com as injustiças cometidas pela empresa”, descreve o sindicato. A carta pede que Vander Luis seja imediatamente reintegrado.
 
O sindicato lembra que a região é uma das mais ricas do país, no entanto, a população sofre com os desmandos das grandes mineradoras e dos governos, pois toda a riqueza é enviada para os cofres dos acionistas, deixando para a população apenas a poeira e os problemas sociais”.
 
A tentativa de criminalização dos movimentos sociais por parte dos grandes projetos poluidores também é registrada no Espírito Santo, que abriga as poluidoras Vale, Samarco, ArcelorMittal e Aracruz Celulose (Fibria). Além de utilizar a mídia corporativa para isso, há inúmeros casos de prisões arbitrárias e uso da Justiça em defesa dos interesses privados.
 
No ano passado, essas práticas ganharam destaque com as denúncias de espionagem feitas pelo ex-gerente da área de Inteligência da Vale, André Almeida, que tinham como principal foco jornalistas, funcionários e líderes de movimentos sociais em todo o país, inclusive no Estado. 
 
Na ocasião, foi denunciado que a mineradora, com a colaboração de órgãos públicos de segurança e de Justiça, e também de meios de comunicação e de outros atores privados, realiza ações que podem ser qualificadas como perseguição judicial, intimidação e criminalização daqueles que trabalham na defesa dos direitos das pessoas que sofrem impactos pelas operações desta empresa.

Entidades ressaltam que os episódios de espionagem reforçam o quadro de criminalização e estigmatização a que estão submetidos os movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Apesar da gravidade dos documentos apresentados pelo ex-gerente, o caso até hoje não foi devidamente apurado.

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