“Já vimos esse filme. No Espírito Santo, é quase um crime hediondo fazer política sem pedir permissão”. Não é preciso muita reflexão para entender que recado foi direto para o governador Paulo Hartung (PMDB). O prefeito Luciano Rezende (PPS) aproveitou sua prestação de contas na Câmara de Vitória nessa quarta-feira (3) para ditar o tom da eleição, que será longe do arco de alianças do governador.
Nos meios políticos, os comentários desde a campanha eleitoral de 2014 são de que o prefeito tentou se aproximar o tempo todo do peemedebista, que não superou a derrota indireta em 2012, quando ele apoiou Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), derrotado no embate com Luciano Rezende.
A impressão das lideranças é que o prefeito estaria isolado, sem conseguir se aproximar do governador Paulo Hartung e mantendo uma aliança com o ex-governador Renato Casagrande (PSB), que não chega a convencer nem mesmo parte dos socialistas.
Isolado, ele teria partido para uma estratégia mais agressiva para tentar aumentar seu capital político e entrar em uma eleição com um cenário bem desfavorável. Hartung teria se movimentado na Capital para pulverizar os votos, colocando no pleito vários nomes ligados a ele. Além dos aliados de Hartung, nomes independentes com palanques competitivos colocam a reeleição de Luciano em risco.
Estão se movimentando na cidade com a “permissão” do governador para disputar, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), Lelo Coimbra (PMDB) e Amaro Neto (PMB). Além dos candidatos, outras lideranças estariam em campo para ajudar na desidratação do palanque do prefeito, como o ex-prefeito João Coser (PT), ainda competitivo, e o deputado estadual José Esmeraldo (PMDB), que também tem um capital de votos considerável na cidade.
Na prestação de contas, o prefeito deixou transparecer que encontrar o vereador Max Da Mata (PSD) não seria um problema muito grande ou um nome que ele não gostaria de entrar em embates acalorados, já que o vereador já fez parte da sua gestão. Isso o tom usado por Luciano para respondê-lo: sensivelmente amenizado.
Mas o cuidado do prefeito com Da Mata pode não resolver a questão, já que ele pode não ser o nome do partido na disputa. O deputado estadual Enivaldo dos Anjos trabalha sua candidatura e deu um ultimato no partido para definir quem será o nome do PSD na eleição à prefeitura de Vitória.
Ele, independentemente da legenda, pretende disputar a eleição e não parece ter medo de um debate acalorado com o prefeito. Fecha o quadro o vereador Serjão Magalhães, de saída do PSB e prestes a entrar na Rede, ficando livre para fazer oposição ao prefeito no período eleitoral.
