Sábado, 27 Abril 2024

Com votos da base governista, Câmara 'enterra' investigação contra Luciano Rezende

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Com um placar de sete votos contrários à abertura de investigação por crime de responsabilidade e cinco a favor, a Câmara de Vitória "enterrou" nesta terça-feira (10) as duas denúncias que pediam a cassação do mandato do prefeito de Vitória, Luciano Rezende (Cidadania), como consequência da participação em evento de campanha do apadrinhado político, Fabrício Gandini (Cidadania), que promoveu aglomeração em plena pandemia do coronavírus, com registros de contaminações.

As denúncias, protocoladas pelos advogados André Moreira e Carlos Luiz Zaganelli Filho, foram lidas em sessão virtual realizada nesta terça, depois do adiamento da semana passada que resultou de uma manobra da base governista, impedindo quórum para a devida votação.

Garantiram os votos favoráveis a Luciano os vereadores Natan Medeiros (PSL) e Max da Mata (Avante), vice e coordenador da campanha de Gandini, respectivamente; Luiz Emanuel Zouain, Vinícius Simões e Denninho Silva, da bancada do Cidadania; e Wanderson Marinho (PSC) e Luiz Paulo Amorim (PV).

Já os vereadores que defenderam a investigação foram Roberto Martins (Rede), Sandro Parrini (DEM), Neuzinha de Oliveira (PSDB), Mazinho dos Anjos (PSD) e Davi Esmael (PSD). O presidente, Cleber Felix (DEM), não vota, mas também se posicionou nesse sentido, e Leonil (Cidadania) e Dalto Neves (PDT) estão de licença médica, ambos diagnosticados com Covid-19.

Após o resultado, Mazinho dos Anjos, candidato a prefeito este ano, apresentou uma questão de ordem para consulta à Procuradoria da Câmara sobre a possível suspeição dos vereadores que participaram do evento e, portanto, têm ligação com os fatos narrados nas denúncias, casos de Natan e Denninho, que inclusive também foram infectados, assim como Gandini, Leonil, o próprio prefeito e o deputado federal Felipe Rigoni (PSB).

O pedido gerou reações imediatas da base governista, que jogou o debate para o campo eleitoral, abrindo um embate no plenário virtual. De um lado Denninho, Natan, Luiz Emanuel e Simões tentavam minimizar a conduta de Luciano Rezende, tratando as denúncias como fatos políticos, enquanto os outros vereadores destacavam a gravidade da questão e irresponsabilidade do prefeito, que também teria convocado, nas redes sociais, os apoiadores para o evento.

"Estou estarrecido com o que ouvi de algumas pessoas, de fato político. O chefe do município, o comandante maior, durante toda a pandemia, não apareceu em lugar nenhum onde tinha gente, ficou quietinho, fez tudo certinho. Deixou o governo se virar. E aí, quando começam as eleições, no desespero, coloca duas mil pessoas no Álvares. Pasmem, falando sem máscara, com várias pessoas no palanque, e logo em seguida um surto, colocando todos nós em risco. Foi um 'covideiro' total", criticou Parrini, lembrando: "o prefeito não é candidato".

Também rejeitando a defesa dos aliados do prefeito, Mazinho ressaltou: "Isso é um crime contra as pessoas. Denninho foi internado, quase morreu. Cada pessoa que pegou, passa para mais dez. Natan, por exemplo, continuou em campanha, foi diagnosticado três dias depois. Isso não é fato político, não, é de irresponsabilidade. Se não a Câmara, que nem abriu investigação, aí sim um voto político, vai ser investigado pelo Ministério Público, pela polícia, pelo Judiciário. Por que a Guarda Municipal não foi lá, como faz com os comerciantes?".

Já Vinícius Simões questionou outra ação de campanha com participação de Clebinho, do adversário de Gandini, Lorenzo Pazolini (Republicanos): "Por que a denúncia é contra só uma pessoa? A cinco dias da eleição, pedir impeachment de prefeito?". Para reforçar seu argumento, apontou que o advogado Zaganelli é candidato a vereador pelo DEM, mesmo partido do presidente da Câmara.

Natan foi na mesma linha, acusando Clebinho de promover reuniões na presidência da Câmara, e aproveitou o discurso para jogar no mesmo bolo dos "interesses políticos" as outras denúncias contra Gandini, como a que resultou na operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal da última quinta-feira (5), na produtora de vídeo Crona e Black Vídeo, e também na Enquet Pesquisa de Opinião Pública, por determinação do juiz eleitoral José Luiz da Costa Altafim, para apurar abuso de poder econômico.

"O juiz está agindo politicamente? A Polícia Federal está agindo politicamente? Muito me assusta essa narrativa", rebateu Mazinho.

Os pedidos de cassação do mandato de Luciano Rezende foram protocolados na última quarta-feira (4), alegando crime de responsabilidade previsto na Lei Orgânica do Município.

André Moreira aponta desrespeito às medidas de segurança de combate à Covid-19 e, além do prefeito, pediu à Procuradoria Regional Eleitoral a instauração de investigação para apuração das condutas de Gandini, visando uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, resultando no pedido de cassação de sua candidatura.

O advogado Zaganelli também ressalta a irresponsabilidade do prefeito, "mesmo sabendo da proibição, por Decreto Estadual de aglomeração, da promoção de comícios e outros atos de campanha que contribuem para o avanço do vírus da Covid-19, negligenciando os interesses do município sujeito à administração da prefeitura". Ele destaca, ainda, que Luciano Rezende, como chefe do poder executivo municipal e médico, deveria, pelo contrário, "promover a fiscalização e a repressão adequada de eventos como tal, que gerou sérias consequências".

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Comentários: 1

Laelio em Quarta, 11 Novembro 2020 10:41

Tem problema não.. a resposta virá domingo sem Gandini no segundo turno.

Tem problema não.. a resposta virá domingo sem Gandini no segundo turno.
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