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Evangélicos no Estado divulgam carta de Lula em encontro com apoiadores

Ex-presidente diz que o tempo atual é marcado por “mentiras, que passaram a ser usadas para provocar medo nas pessoas”

Ricardo Stuckert

Grupos formados por evangélicos no Espírito Santo começaram a divulgar, nesta quarta-feira (19), a carta do ex-presidente Lula ao “povo de Deus”, no momento em que lideranças do setor em vários estados, reunidas em um hotel em São Paulo, manifestavam apoio à sua candidatura, como parte do movimento nacional de defesa da democracia, empenhado a desmascarar notícias falsas disseminadas nas igrejas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em postagens no Facebook e Twitter e mensagens pelo WhatsApp, evangélicos capixabas ou residentes no Espírito Santo buscam, também, suprir a lacuna de apoios de igrejas ao ex-presidente registrada no Estado no primeiro turno eleitoral, favorável à reeleição de Bolsonaro, que afetou, ainda, a votação no governador Renato Casagrande (PSB), alvo de ataques considerados sem fundamento espalhados em redes sociais por aliados do seu adversário, Carlos Manato (PL). Dois desses grupos são Evangélicos com Lula e Alckmin e Cristãos com Lula.

No segundo turno, Casagrande já formalizou apoio de poderosas entidades religiosas no Estado, como as ligadas à Assembleias de Deus, mas, como estratégia de campanha, mantém escondido o nome do ex-presidente Lula, afetado por notícias falsas espalhadas nas igrejas. Casagrande recebeu o apoio das convenções evangélicas Cadeeso, Comadeeso, Cemades e Ciemades, que, juntas, representam aproximadamente oito mil pastores.

Trechos da carta

O ex-presidente Lula afirma na carta que, se eleito, “não irá criar obstáculos ao livre funcionamento de templos; vai estimular parcerias com igrejas; é um ‘escândalo’ o uso da fé para fins eleitorais; e assume compromisso para fortalecer famílias e combater as drogas”. Afirma, ainda, que, pessoalmente, é contra o aborto e que não cabe ao presidente, mas ao Congresso, decidir sobre o tema.

Ele entende que a ‘orientação dos pais é fundamental na educação dos filhos e que cabe à escola apoiá-los, dialogando e respeitando os valores familiares. No final, enfatiza que “o povo brasileiro está em ‘desespero’ e precisará do apoio das igrejas para reverter a situação”.

“A grande maioria dos brasileiros e brasileiras que viveram os oito anos em que fui presidente da República, sabe que mantive o mais absoluto respeito pelas liberdades coletivas e individuais, particularmente pela liberdade religiosa”, destaca a carta.

Lula aponta que, “como todos devem se lembrar, no período de meu governo, tivemos a honra de assinar leis e decretos que reforçaram a plena liberdade religiosa. Destaco a Reforma do Código Civil assegurando a liberdade religiosa no Brasil, o decreto que criou o dia dedicado à Marcha para Jesus e ainda o Dia Nacional dos Evangélicos. Mantenho o mesmo respeito e o mesmo compromisso que me motivou a apoiar essas conquistas do povo evangélico”.

Para o ex-presidente, o tempo atual é marcado por “mentiras, que passaram a ser usadas intensamente com o objetivo de provocar medo nas pessoas de boa-fé, e afastá-las do apoio a uma candidatura que justamente mais as defende. Por isso senti a necessidade de reafirmar meu compromisso com a liberdade de culto e de religião em nosso país”. 

Lula destaca: “Todos sabem que nunca houve qualquer risco ao funcionamento das igrejas enquanto fui presidente. Pelo contrário! Com a prosperidade que ajudamos a construir, foi no nosso governo que as igrejas mais cresceram, principalmente as evangélicas, sem qualquer impedimento, e até tiveram condições de enviar missionários para outros países”.

E acentua: “Não há por que acreditar que agora seria diferente. Posso lhes assegurar, portanto, que meu governo não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de culto e de pregação ou criem obstáculos ao livre funcionamento dos templos”. 

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