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Coser com Casagrande gera crise no PT por sinalizar recuo de candidatura

Foto em evento público, que circula nas redes sociais, pode sinalizar o fim da candidatura de Contarato

Hélio Filho/Secom

O senador Fabiano Contarato não concorrerá ao governo do Estado neste ano. Essa afirmativa, feita em torno de uma decisão ainda não formalizada, correu como fato consumado entre grupos de militância do PT no Espírito Santo a partir desse domingo (26), por conta de uma foto do membro do diretório estadual do partido, João Coser, pré-candidato a deputado estadual, ao lado do governador Renato Casagrande (PSB), justamente o mais interessado em ver o senador fora da disputa.

A crise interna na legenda está posta. “Não vamos aceitar ser meros cabos eleitorais” é a frase que corre entre os grupos, que apontam para a saída de Contarato da disputa, que, se confirmada, amplia o espaço na corrida eleitoral para Casagrande, que está em Brasília para tratar do assunto. O governador está diretamente interessado na decisão e também como secretário-geral da Nacional do PSB.

Ele já declarou o voto em Lula, na articulação para ganhar o apoio do PT, mas nada oferece em compensação, descartando, pelo menos até agora, a indicação de nomes do partido para o Senado ou a vice. No entanto, o mercado sinaliza nomes ligados ao meio empresarial, mantendo a mesma trajetória dos governos Casagrande e de seu antecessor, Paulo Hartung (sem partido), objeto de críticas no PT, especialmente entre a militância da legenda, focados na oportunidade de o partido voltar a ter protagonismo na política estadual.

A foto de João Coser com Casagrande em solenidade nesse domingo (26), para entrega da primeira etapa da obra da Rodovia das Paneleiras, circula em grupos de WhatsApp, e desencadeou uma série de críticas, acusações e insatisfações não apenas em relação a João Coser, mas, também, direcionada a todo o diretório. O ponto central é a aprovação à unanimidade da pré-candidatura de Contarato, conforme foi puxado em discurso da deputada estadual e candidata à reeleição Iriny Lopes, no último dia 11, no Sindicato dos Bancários. Um militante chegou a ironizar que “a unanimidade não foi tão unânime assim!”.

Eneias Zanelato Carvalho, membro do Diretório Estadual, coordenador do setorial de Energia e Recursos Minerais do PT e presidente do diretório de São Mateus, chegou a divulgar uma carta com o título “Sobre o PT e as eleições no ES”, na qual afirma: “Realmente a democracia interna do PT capixaba está fragilizada e dominada pelo poder econômico e político de algumas das principais lideranças do partido no Estado”.

E prossegue: “Veja que situação: nós estamos na véspera da Plenária Estadual que decidirá a tática eleitoral e quais serão os candidatos que participarão do processo eleitoral, e até hoje não houve nenhuma discussão política sobre essa questão, nem no diretório estadual, nem envolvendo os diretórios municipais, muito menos com a base do partido. Só houve eventos de pré-campanha das mesmas figuras de sempre”.

Após a divulgação da foto, grupos de militantes iniciaram um debate via redes sociais – “até com o uso de palavrões” -, rejeitando o posicionamento de João Coser e a falta de diálogo de diretório com as bases do partido, principalmente para debater as pré-candidaturas.

“A única unanimidade é Lula, o resto é cada um por si. Esse individualismo em detrimento do coletivo não é digno de um partido socialista e não nos difere de outros partidos. Não é à toa que diminuímos de tamanho no território capixaba, reduzimos o número de vereadores, prefeitos, deputados (…)”, aponta Eneias Zanelato.

Para o militante, “a visão da Executiva Estadual do PT-ES é puramente na lógica da metrópole, do interesse de poucas lideranças. Não existe uma construção partidária. Existem construções individuais e de tendências que se chocam, porque pensam muito no próprio umbigo e esquecem da construção do conjunto do partido”.

O impasse

O lançamento da pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo do Estado, aprovada pelo diretório estadual, ocorreu em evento no dia 11 de junho, depois de uma fase de muitas críticas e indefinições, com forte pressão da militância do PT. A decisão será feita provavelmente nesta semana pelo diretório nacional, por envolver impasses com o PSB não só no Estado, mas em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco. As definições envolvem a eleição do ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas.

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