Sábado, 18 Mai 2024

Lideranças devem aproveitar recesso para articulações longe dos holofotes

Lideranças devem aproveitar recesso para articulações longe dos holofotes
Nerter Samora e Renata Oliveira


 
Muita coisa se especulou durante o ano sobre o processo eleitoral de 2014, mas, no apagar das luzes de 2013, ainda não há nada certo sobre a disputa. Tudo pode acontecer e nada também. 
 
 
Nerter – Com a chegada do período de festas, o mercado político parece entrar em recesso também. São festas de confraternização, fim das atividades parlamentares, recesso forense, o que paralisa os processos dos possíveis candidatos. Tudo parece entrar em suspensão até depois do carnaval, mas esse é o período perfeito para intensificar as conversas longe dos olhares curiosos da imprensa. E como o ano eleitoral se aproxima rapidamente e o processo foi deflagrado com antecedência, entre a ceia de Natal e os fogos do ano novo, muita gente deve aproveitar a calmaria para refletir e articular sobre 2014. 
 
Renata – Com certeza. É claro que haverá uma folguinha, um tempo para a família porque o clima foi pesado nos meios políticos neste segundo semestre e ninguém é de ferro. Mas esse período de recesso vai ser de muita confabulação. Lideranças partidárias, os candidatos, os apoiadores. Enfim, a verdade é que todos os atores políticos respiram a eleição 2014 já há algum tempo e vai ser difícil dar uma freada brusca agora. Até porque o cenário de 2014 é tão incerto que exige muita reflexão e debate.
 
Nerter – Na verdade toda essa incerteza vem do palanque majoritário. Não se sabe exatamente o que vai acontecer, porque a cada movimento há uma série de desdobramentos que deixam o cenário cada vez mais nebuloso e para melhorar, o Espírito Santo está no centro de uma disputa nacional, já que tem um governador socialista. O governador Renato Casagrande quer continuar com o PT, mas nacionalmente o PT está com o PMDB e não quer o PSB no Espírito Santo. O PSB está com a Rede e a Rede não quer o PT. Também não quer o PSDB, que nacionalmente quer ficar com o PSB, e por isso abre mão de candidaturas em vários estados, inclusive no Espírito Santo. Mas o PSDB do Espírito Santo não quer abrir mão da candidatura em favor do PSB. Viu como é confuso?
 
Renata – E vai piorar. Se o PSDB aderir ao palanque de Renato Casagrande, como será construída essa relação? Como se posicionará o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS) nesta história? Há quem diga que Casagrande e o ex-governador Paulo Hartung andam conversando direto sobre eleição, também, ou seja, nada impede que os dois estejam juntos na eleição do próximo ano. Até aqui a pressão das nacionais continua forte para que haja uma composição eleitoral entre PT e PMDB em um palanque pró-Dilma, que isole o PSB nos Estados. O PSB e o PSDB querem fazer um acordo por baixo dos panos e haverá muita influência de fora na eleição do Estado. Mas, até que ponto as lideranças do Estado vão se deixar levar por essa pressão e até que ponto a política de grupo que se consolidou no Espírito Santo na última década pode superar os interesses partidários e nacionais? 
 
Nerter – Enquanto os candidatos majoritários não se decidem quem fica perdido na história são os candidatos proporcionais. E neste campo há um elemento que pode colocar muita lenha na fogueira. A Justiça Eleitoral começa a desafogar alguns processos de improbidade administrativa que pode sujar a ficha de muito campeão de votos ou colocar no pleito candidatos temidos no mercado e que eram considerados cartas fora do baralho. Muita gente está ensaiando voos em direção a Brasília, mas que não vai passar da Assembleia. E tem muita gente achando que já está com a vaga garantida, mas não está. 
 
Renata –  Fazer as contas de coligação para 2014 parece estar ficando mais difícil, o cenário está mudando com muita rapidez. É só ver a situação do próprio governador Casagrande. Durante os protestos a aprovação do governo dele caiu vertiginosamente, cinco meses depois, já subiu 20 pontos percentuais. Mesmo que o ex-governador Paulo Hartung ainda tenha prestígio político, o risco para que ele entre na disputa está cada vez maior. 
 
Nerter – Mas como fica a situação dele. Há risco se entrar na disputa. Se perder a eleição para Renato Casagrande, sua vitrine política se estilhaça e ele perderá o que ainda lhe resta do apoio forçado da classe política capixaba. Mas o PT nacional pressiona para que Hartung seja o candidato do palanque de Dilma. Se ele não entrar, o PT não vai aceitar Ricardo Ferraço sendo empurrado goela abaixo e sairá do jogo. Se Hartung não disputar a eleição ao governo, vai entrar na eleição como candidato ao Senado com o apoio do PMDB e de mais quem? 
 
Renata – Enquanto Hartung corta o Estado, aperta a mão de liderança e tenta provar que seu governo foi mais eficiente do que o do seu sucessor, Renato Casagrande está sentado em cima de um cofre abarrotado de dinheiro. Os prefeitos não vão trocar um recurso que está ali, ao alcance da mão, por uma incógnita chamada Hartung. Apoiar o ex-governador não significa conquistar sua lealdade. Muita gente acreditou nisso no passado e hoje se arrepende amargamente. 
 
Nerter – E o que de concreto podemos esperar da eleição do próximo ano? Efetivamente sabemos que o governador Renato Casagrande é candidato à reeleição. Mas com que palanque nacional? Com quais partidos ao seu lado? Com qual candidato ao Senado? Esses são os pontos a serem debatidos e refletidos nesse período de festas não só para o governador Casagrande, mas também pelo restante da classe política e pelo eleitorado, que será no final quem vai definir os destinos de cada dos envolvidos neste processo. 
 
Renata – Além das lideranças, os partidos também devem fazer esta reflexão, não é? O PT precisa encontrar uma forma de melhorar o desempenho de Dilma no Espírito Santo. O PSDB tem que conseguir vender seu pesado candidato Aécio Neves e o PSB precisa convencer sua principal liderança a abraçar a candidatura de seu presidenciável. 

 
Nerter – Pois é. Quando começar o ano, a situação pode se clarear um pouco, ou complicar ainda mais. A previsão é mais instável do que o tempo nos últimos dias. 

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