Sexta, 03 Mai 2024

Mesmo sob pressão, deputado obstrui votação de projeto que extingue cobrança de pedágio na Terceira Ponte

Mesmo sob pressão, deputado obstrui votação de projeto que extingue cobrança de pedágio na Terceira Ponte
A sessão ordinária na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (2) começou visivelmente em meio a um clima de forte tensão. Os deputados não escondiam o desconforto diante da tomada das galerias da Casa por manifestantes que defendem a aprovação do projeto de decreto legislativo de autoria do deputado Euclério Sampaio (PDT), que põe fim à cobrança do pedágio na Terceira Ponte. 
 
O clima político contradisse o comportamento rotineiro dos deputados estaduais de adesão incondicional ao Executivo. Com a adesão de apenas seis deputados ao projeto do pedetista – Euclerio Sampaio, José Esmeraldo (de saída do PR), Gilsinho Lopes (PR), Aparecida Denadai (PDT) e Jamir Malini (PTN), Janete de Sá (MD) – a expectativa era de que a pressão do governo do Estado fizesse o plenário rejeitar a proposta. 
 
Mas ao que parece o receio do desgaste político, diante da pressão das galerias, falou mais alto do que a manutenção da harmonia dentro do sistema de unanimidade do governador. Os deputados, demonstrando preocupação com o clima na Casa, se revezaram na tribuna, no horário das comunicações, para declarar adesão ao projeto de Euclério. 
 
Alguns parlamentares aproveitaram para destacar suas ações como harmônicas aos anseios do movimento, como o deputado Genivaldo Lievori (PT), que foi à tribuna destacar o projeto de passe livre para os estudantes em todo o Estado, aprovado recentemente. 
 
A cada novo discurso, a galeria se manifestava com aplausos ou vaias, o que irritou alguns deputados. As vaias eram direcionadas para os parlamentares que não assinaram o requerimento de Euclério. 
 
Ao entrar na Ordem do Dia, o líder do governo, Sérgio Borges (PMDB) pediu a verificação de quórum para a manutenção da sessão. Mas se houve um convite para derrubar a sessão, os demais deputados preferiram não arriscar. O adiamento da votação poderia esquentar ainda mais o clima do plenário. 
 
Em nome da bancada do PT, o deputado Claudio Vereza contou os antecedentes do contrato da Rodosol, mas não falou sobre os termos aditivados no governo Paulo Hartung (PMDB), com a tomada de obras condicionantes pelo governo do Estado, do canal Bigossi e das alças auxiliares da Terceira Ponte. Apesar de o grupo também não ter apoiado o projeto de Euclério, em reunião na noite dessa segunda, a bancada petista definiu votação pela aprovação da matéria. 
 
O único deputado que parecia realmente à vontade com a situação era o deputado Euclerio Sampaio. Assumindo a função de regente das galerias, o pedetista pedia silêncio aos manifestantes para que todos pudessem acompanhar a sessão histórica. Em outro momento, Euclério pediu aos manifestantes para não baterem no vidro da galeria. Ao presidente da Casa, deputado Theodorico Ferraço (DEM), Euclério pediu a extensão da sessão até a votação para evitar que não fosse adiada a apresentação da matéria. Posou também com uma camiseta com dizeres: "Pelo fim da cobrança do pedágio". 
 
Euclério, que chegou à Casa como um parlamentar indesejado, na tarde desta terça, tinha ganhado capital político. Tanto que o colega de bancada, Da Vitória, ao falar sobre o assunto disse ser do PDT, “o mesmo partido do deputado Euclério”. 
 
Diante das incertezas que rondam o cenário eleitoral de 2014 e o clima de radicalização que vem cercando o movimento das ruas, os parlamentares preferiram não arriscar. Exceto um parlamentar. O deputado Gildevan Fernandes (PV) aceitou o papel de interlocutor do governo e se prevaleceu do prazo regimental para relatar a matéria por escrito. 
 
A manobra pode custar caro não só para Gildevan, mas para o plenário da Casa de maneira geral 

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