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Militância petista exprime insatisfação por não ter candidato ao Senado

Militante histórico, o advogado Francisco Celso Calmon diz que “é vergonhoso ver o PT com o pires na mão”

Leonardo Sá

“Foi a pior construção política da história do PT no Espírito Santo”. A afirmação, de um militante do PT, serve para demonstrar o clima de insatisfação que afeta a base do partido em decorrência da decisão da executiva de suspender toda a negociação em torno de uma candidatura avulsa ao Senado. Essa decisão mantém a legenda no isolamento imposto pela aliança com o PSB. Neste domingo (31), o PSB realiza convenção para homologar a candidatura do governador Renato Casagrande, devendo anunciar apoio à reeleição da senadora Rose de Freitas (MDB).

“É triste e vergonhoso assistir um PT de pires na mão, quase a mendigar uma suplência de senador. Um partido sem atitude, curvado, muito cordato, senão subserviente, que perdeu a oportunidade história de ser protagonista da política no Espírito Santo, pelo silêncio obsequioso ante à hierarquia do centralismo sem democracia, virando as costas para a militância”, aponta o advogado Francisco Celso Calmon, militante histórico do partido.

Ele destaca: “Meu voto tem digital. A minha história não permite voto de cabresto. Manterei a coerência, votando 13”, fazendo alusão ao voto na legenda e não no candidato, no caso o governador Renato Casagrande. Esse é um posicionamento que cresce na militância do partido depois da retirada da pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo do Estado e da ausência de nomes do PT na chapa para o Senado.

Célia Tavares e Reinaldo Centoducatte, que disputavam internamente a indicação para concorrer à vaga no Senado, mesmo que de forma avulsa, foram desautorizados. Na última quarta-feira (26), Célia tornou pública uma carta na qual se diz triste e considera equivocada a decisão adotada pela executiva do partido. Reinaldo preferiu se manter em silêncio. 

Esse clima de insatisfação é demonstrado nas redes sociais, apesar da cautela com que as mensagens são postadas, a fim de não gerar prejuízos à campanha do ex-presidente Lula, a única chance de retirar Jair Bolsonaro (PL) do poder. Ele lidera a corrida presidencial e pode ganhar ainda no primeiro turno.

“O PT no Espírito Santo ser suplente de senadora, ainda mais de uma senadora de antecedentes elitistas e sem qualquer compromisso com a classe trabalhadora?”, questiona um ativista, mantendo anonimato e apontando para o diretório estadual, que “sequer deu satisfação à sua militância, que está insatisfeita e não disposta a apoiar essa aliança”.

Analistas ligados ao PT projetam que as “chapas proporcionais podem acabar naufragando com essa construção”, acentuando que, “ao deixar um candidato a governador competitivo por uma candidatura avulsa para o Senado, o partido havia desistido de ser protagonista para desempenhar o papel de coadjuvante secundário”.

E complementa: “Agora ainda pior, pois o PT simplesmente não terá nenhum candidato majoritário, uma situação que o partido nunca tinha vivido em sua história em terras capixabas. Ao fazer essa opção, o PT joga lenha na fornalha antipetista no Espírito Santo, com reflexos desastrosos para o partido, especialmente no que diz respeito à disputa pela conquista de novos militantes e pela reconquista de milhares de outros que estão afastados”.

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