
A prestação de Contas do governador Paulo Hartung (PMDB) na manhã desta quarta-feira (4), na Assembleia Legislativa, foi marcado pelo viés político. O governador adotou mais uma vez o discurso do caos, fazendo menção à “herança maldita” que recebeu do antecessor. O discurso foi mais do mesmo, tirando a queda na arrecadação nos meses de janeiro e fevereiro, não houve novidades.
A galeria da Casa ficou lotada de servidores públicos cobrando uma resposta do governador à negociação do vale alimentação, questão que o governador respondeu de forma lacônica quando foi perguntado pelo deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), afirmando que a questão foi judicializada.
A claque palaciana estava presente na sessão. No plenário, os prefeitos de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM) e de Cariacica, Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), aliados do governador Paulo Hartung acompanhavam a fala do peemedebista. O secretariado também estava a postos para socorrer Hartung em caso de qualquer falha nos dados.
O governador fez um pronunciamento longo, com mais de uma hora de duração e não poupou críticas à gestão anterior. As palavras descontrole, desequilíbrio, amadorismo e inconsequência foram repetidas no discurso para reforçar o cenário de crise, que afirmou ter encontrado ao assumir o governo.
Hartung ressuscitou um termo bastante usado em seus dois mandatos anteriores: retrocesso, também se referindo ao legado do antecessor. “O desequilíbrio fiscal se instalou, e perdemos a capacidade de investimento com recursos próprios. O Espírito Santo foi arremessado ao passado, retrocedendo mais de uma década”, disse.
Durante a prestação de contas, o governador confirmou para o final de março a realização do seminário do planejamento estratégico do Estado de 2015 a 2018. O projeto está em andamento no sentido de se realizar um diagnóstico do cenário estadual, que vai desenhar as ações a serem desenvolvidas. A agenda inclui palestras de orientação e trabalhos em grupos para definir metas, com foco na privatização das ações.
Findado o discurso foi a vez dos deputados fazerem as perguntas ao governador. Ao todo, 24 parlamentares se inscreveram. O primeiro inscrito foi o deputado Sérgio Majeski (PSDB), que pediu uma reavaliação nos cortes do governo em áreas sociais prioritárias. O deputado, que é educador, afirmou que não há mais onde cortar na educação. Hartung afirmou que haveria problemas de gestão.
A educação foi a bandeira de campanha do peemedebista, mas ele pouco falou sobre o tema e se ateve a questões genéricas sobre gestão e qualidade nos gastos. O mesmo se deu em relação à Saúde, Hudson Leal (PRP), um dos últimos a inquerir o governador, também pediu uma reavaliação no corte de 20% na área. Hartung, mais uma vez, afirmou que o que havia sido falado recentemente não era verdade e que havia uma tentativa de se fazer “política” com as questões urgentes do Estado. Disse que não houve corte no Orçamento da Saúde.
A pergunta mais esperada da classe política veio no meio da sessão, quando o deputado Euclério Sampaio (PDT) se dirigiu ao microfone de aparte para fazer seu questionamento. O deputado, que sempre se destacou em prestações de contas por questionar Executivo (chegou a rasgar um pedaço de seda durante uma prestação de Hartung em protesto à passividade do plenário), desta vez, fez uma participação bem diferente.
O deputado criticou o governo anterior pelo pedido de retirada da emenda ao Orçamento de 2014 para a construção do Hospital Geral de Cariacica, e apresentou a demanda, a única alfinetada foi no prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia, o Juninho (PPS).
A maioria dos deputados seguiu a mesma dinâmica de Euclério, apresentando algumas demandas para suas bases eleitorais e elogiando os primeiros movimentos do governo do Estado. Até os deputados do PSB – Bruno Lamas e Freitas -, mesmo pertencendo ao partido do ex-governador Renato Casagrande -, diante dos ataques políticos de Hartung à principal liderança do partido no Estado, mantiveram uma postura tímida, sem a defesa partidária da gestão do socialista.