Pesquisa traça perfil de familiares de dependentes químicos em 23 capitais
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) lançou, nesta terça-feira (3), o Levantamento Nacional das Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família), realizado com familiares de dependentes químicos de 23 capitais brasileiras. A pesquisa foi feita por amostragem, com 3.142 familiares de pacientes em tratamento ambulatorial ou internação, por meio de entrevistas presenciais.
De acordo com o levantamento, as mães representam a maior parcela das pessoas que responderam à pesquisa. A maioria dos entrevistados atribui às más companhias o motivo que levou o familiar a usar drogas.
A pesquisa aponta, ainda, que as drogas de uso regular dos pacientes é a maconha (68,3%), seguida do álcool (62%), da cocaína (60,7%) e, por último, do crack (42,5%).
O registro do crack em último lugar na pesquisa não surpreendeu a psicóloga Andrea Romanholi. Ela alerta que diversas outras pesquisas mostram que menos de 2% da população adulta usa crack, que não representa, nem de perto, aquela que tem o álcool como droga preferencial.
Esta é, justamente, uma das críticas do Movimento Cidadão em Defesa dos Direitos Humanos e das Políticas Sociais, do qual a psicóloga faz parte, à distorção que o poder público tem feito a respeito do crack enquanto a droga que concentra os principais pontos de combate do poder público. Ela lembra que o crack é uma droga séria e que demanda comprometimento do poder público, mas o que se tem visto é a tentativa de retirar os dependentes de crack das vias públicas, o que denota uma política higienista, já que a maioria dos dependentes também já tem histórico de vulnerabilidade, alguns já em situação de rua.
A psicóloga ressalta que drogas lícitas, aceitas, e até certo ponto incentivadas, como o álcool, mais prejuízos à sociedade e ao dependente quanto o crack. A dependência do álcool pode acarretar, diretamente no usuário, problemas no pâncreas e fígado, além de provocar também, em muitos casos, violência familiar e acidentes de trânsito.
A participação da família na recuperação do dependente químico também é abordada no Lenad. De acordo com a pesquisa, em 58% dos casos a família paga os tratamentos, e em 45,4% o tratamento afetou muito as finanças da família.
Andréia ressalta que a família tem extrema importância para o sucesso do tratamento dos pacientes. Ela explica que quando um dependente passa por um tratamento, a família também participa dele, já que qualquer tipo de tratamento implica em recaída, por isso, o dependente precisa estar bem amparado para que retome a vida e prossiga se tratando.
Os familiares são orientados a lidar com o dependente, apontando meios para ele se manter produtivo e não ter dificuldades.
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