Terça, 30 Abril 2024

A salvação da lavoura

 

Vivemos controlados pela tirania da moda, que nasce da cabeça de pessoas que  também estão na moda. Ou vem das ruas, humilde e despercebida, para  cair no gosto das massas e se tornar a última novidade do mercado... mesmo que minha bisavó tenha usado. A moda comanda nossa vida e nossos hábitos, nossa diversão e nossas obrigações, e como não poderia deixar de ser, também nossa nutrição. De vez em quando um alimento qualquer é ‘descoberto’ e indicado para o bem de todos.
 
 
Mesmo que não exista um bem comum para todos. É o caso da quinoa, hoje  consumida no mundo todo. Bom para nós, mas péssimo para as populações pobres da Bolívia e do Peru, que se beneficiavam de um alimento barato e nutritivo. Com a moda, o grão ficou caro e escasso. Pois chegou a hora e a vez da fruta-pão, uma fruta exótica à qual não damos muita importância.
 
 
Se você ainda não está por dentro das novas tendências, saiba que essa fruta exagerada está sendo apontada como a salvação da lavoura - capaz de, se não eliminar totalmente, pelo menos diminuir em muito a fome no mundo.  A novidade não é tão nova assim, pois a fruta já era usada há 3.000 anos, e sua cultura é abundante no Havaí,  onde existe uma organização que promove seu cultivo e o consumo - o Instituto Fruta-pão (Breadfruit Institute).
 
 
O instituto  cultiva mais de 120 variedades da planta, e envia milhões de mudas para o mundo todo, numa tentativa de minimizar a fome nos países mais pobres, incentivar uma agricultura sustentável e o reflorestamento.  Segundo a organização, a maioria das um bilhão de pessoas subnutridas no mundo vive em locais de clima quente, exatamente onde a fruta-pão melhor se desenvolve. O sítio eletrônico www.ntbg.org/breadfruit tem mais informações sobre o trabalho do instituto.
 
 
A planta é decorativa, fácil de cultivar e se adapta bem na maioria das regiões, sem precisar de fertilizantes e produtos químicos. Dela tudo se aproveita; além de fornecer um alimento altamente nutritivo, melhora o solo onde cresce e protege as bacias hidrográficas, produzindo ainda madeira e ração para animais. Até as flores são úteis - depois de secas são queimadas para afastar mosquitos. Além disso tudo, tem vida longa, exigindo poucos cuidados.
 
 
Vi  recentemente no Globo Rural  uma reportagem com um produtor da fruta em Viana, ressaltando que  ainda é pouco consumida no Brasil, apesar de se adaptar bem ao nosso clima e ter tantas virtudes.  Segundo a repórter , ela substitui o aipim e a batata em muitas receitas, sendo mais gostosa e mais barata. E é versátil, podendo ser consumida de muitas maneiras, em pratos salgados, doces e sucos. Além de tudo isso, uma fruta apenas pode alimentar toda a família.
 
 
Nos meus tempos de Alegre, a fruta-pão era uma planta  comum, e muita gente comia assada, para substituir o pão. Nunca experimentei, era muito seletiva com o que comia em criança:  banana, doce de abóbora e mamão.  Hoje sou seletiva ao contrário, comendo tudo que dizem ser bom para esticar um pouco mais a vida. Se encontrar no mercado, vou experimentar; se gostar, depois eu conto.

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