Segunda, 06 Mai 2024

As mulheres mudaram, mas muitos não perceberam

 

O Dia Internacional da Mulher, para muitos brasileiros, não foi de comemoração, mas sim de protestos. A frase da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, resumiu muito bem o sentimento das brasileiras: “A mulher que luta, que diz que lugar de mulher não é no tanque e no fogão, ela não precisa ganhar flores e nem parabéns neste dia, ela tem que ganhar respeito e protagonismo na sociedade brasileira", disse a ministra. 
 
As organizações da sociedade civil capixaba, enredadas pelo Fórum de Mulheres, parecem ter assimilado bem essa necessidade de pôr a luta na frente da comemoração. Mesmo porque, não há nada a comemorar. Afinal, essas mulheres vivem no Estado onde mais se mata mulheres no Brasil. 
 
Para se ter uma ideia da violência no Espírito Santo, basta observar os dados. Nos últimos três anos, 491 mulheres foram assassinadas no Estado: 168 em 2010; 170 em 2011; e 163 em 2012. A média desses números representa uma taxa de 9,3 homicídios por grupo de 100 mil mulheres – a maior taxa do País. 
 
A gravidade desses números levou centenas de mulheres às ruas de Vitória nesta sexta-feira (8). O protesto, que se concentrou na principal praça da Capital, a Costa Pereira, se inspirou no tema: “Violação de direitos é violência”.
 
Para despertar a atenção dos transeuntes que flanavam pelo Centro da cidade, as militantes espalharam pares de sapatos femininos pelo chão. Ao lado de cada par de sapatos, um cartaz trazia o nome de uma das 163 vítimas que perderam suas vidas para a violência em 2012. Umas das organizadoras do ato, disse que as pessoas ficavam chocadas quando compreendia a mensagem da atividade. 
 
Se as militantes do Fórum de Mulheres conseguiram sensibilizar a população com sucesso, não pode dizer que tiveram a mesma sorte com o governo do Estado. As militantes disseram que faz um ano que entregaram ao governador uma pauta de reivindicações para discutir o problema da violência contra a mulher, mas o governo sequer respondeu ou tampouco abriu um canal de diálogo com o movimento. 
 
Sem a interlocução com o poder público, as mulheres partiram para a luta, pois perceberam que terão que recorre aos próprios meios para mudar essa lamentável realidade. 
 
O governo do Estado tem ainda metade do mandato para inaugurar o reivindicado canal de diálogo com as representantes dos movimentos de mulheres do Espírito Santo que, como disse a ministra, não estão atrás de flores ou parabéns, mas de respeito e protagonismo.  

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