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As vacas profanas

O preconceito denota ao preconceituoso falta de informação, medo de se assumir, de se ver como tal, ou demagogia, que usa o preconceito para se impor e dominar pessoas mais fracas e simples, facilmente conduzidas por espertalhões. A política está cheia deles, que usam o discurso fácil da fé, para transformar os de mente fraca em massa de manobra eleitoreira, que falseando o conceito de família, profetizam o fim da célula familiar (hoje em plena mudança) para criar o medo do futuro. Argumentos que geram o temor ao novo, convidando para cômoda sensação do conservadorismo.
 
É por isso que pastores-políticos ameaçam o estado de direito falando de um significativo aumento da bancada fundamentalista no Congresso, são os exploradores dos incautos fies, levados na enxurrada de mirabolantes promessas de presentes de Deus, ou do medo da ira Dele no inferno. Esses velhacos se apossam do mito divino para criarem regras a seu favor, que deverão ser seguidas, e assim, fortalecê-los no comando de um rebanho de tolos, sempre enriquecendo numa teologia de intolerância e ódio.
 
Os inimigos são aqueles a quem Caetano Veloso chamou de “Vacas profanas”, que erguem seus cornos pra fora e acima da manada. Os que pensam por si mesmos e não se deixam comover por discursos melodramáticos, recheados de calúnias e falsidades, que criam um transe hipnótico, gerando a convulsão do fanatismo.
 
A histeria voluntária de quem, querendo acreditar em algo, se apega as mais esdrúxulas histórias, nunca questionadas e apoiadas na fé cega. Cegueira cada vez maior à medida que mergulham na leitura de livros escritos como instrumento de auto lavagem mental, inibidor de qual que reação pelo sentimento de culpa.
 
A religião se alimenta do sofrimento humano, sem ele não haveria Deus, e sem Deus nada justificaria a opressão dogmática de um credo – “As pessoas felizes se esquecem de Deus”, afirmou Voltaire no Dicionário Filosófico. – Então não existe o real interesse em alivio das mazelas humanas, ao contrario, o que ocorre é a implantação do sofrimento, o terror. O pecado nada mais é do que a criação de uma dívida de culpa a ser paga com a subserviência religiosa.
 
O preconceito e a segregação são instrumentos de tortura, velhos conhecidos dos LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), que ainda hoje, apesar de tantas conquistas, são alvo dessa hipócrita moral. Basta uma rápida leitura do Velho Testamento para se notar a fragilidade desses argumentos. De tão manipulada, a bíblia perdeu seu cunho histórico e filosófico, usada hoje por pastores fundamentalistas, apenas como um manual de apoio ao estelionato político e ao enriquecimento ilícito.
 
A dicotomia política e religião é uma perigosa bomba, pronta a explodir a democracia, oprimindo minorias e fortalecendo o sexismo, o racismo e a homofobia, inibindo a diversidade religiosa e se revestindo de uma falsa autoridade divina, fruto indutor de inquisições e crimes.
 
Como negócios, igrejas vendem deus como imperador das desigualdades, um garoto propaganda de partidos e denominações fundamentalistas, um marionete nas mãos de lideres de caráter duvidoso.
 
Cada vez mais “Vacas Profanas” se destacam na manada, recrudescendo também a ofensiva fundamentalista. Cabe a evolução do pensamento mudar esse cenário, desmistificando o divino e criando a verdadeira doutrina do amor humano.
 

Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]

 

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