Terça, 14 Mai 2024

Bye bye Brazil!

As estatísticas não mentem: três meses no ano trabalhamos apenas para pagar impostos. No entanto, ganhamos apenas vinte dias para chamar de nossos – férias com dedicação exclusiva à família, cuidar da saúde física e mental, refazer a paciência e o bom humor, recarregar as baterias. Esse exíguo espaço de tempo passo em Vitória, onde minhas férias se evaporam feito poça dágua no verão, sem tempo para fazer sequer a metade do meu cuidadoso planejamento.
 
 
Volto eu às lides da vida, malas cheias de fubá da roça, moído na pedra, goiabada cascão e mariolas. Houve um tempo em que o estoque era de chocolates Garoto. Não mais, que perderam o sabor e a graça. Que pena! O único que ainda nos encanta é o Serenata de amor, mas quem ainda ouve serenatas ao luar hoje em dia? E o amor, coitado,  anda meio desacreditado, com tantas variações de parceiros.
 
 
O coração também volta cheio - de saudades futuras, de alegrias acumuladas, de emoção pelo carinho e atenção da família e dos amigos. Mas traz tristezas também, principalmente pela violência que triplicou desde minha última viagem, há um ano. Vive-se em sobressalto, como se minas explosivas estivessem enterradas sob o asfalto em que trafegamos, e no próximo passo podem nos encurtar ainda mais a curta vida.
 
 
Que pena! Somos um povo gentil, pacato e alegre, e tínhamos tudo para ser felizes, mas os   noticiários estão sempre nos mostrando que o povo gentil cobra uma vida por uma dívida de dez  reais, que o país pacato, que não se mete em guerras, vive em constante guerrilha – bandidos cada vez mais ferozes contra cidadãos honestos, cada vez mais intimidados. Alegres mas nem tanto, que onde não há tranquilidade de espírito não pode haver felicidade.
 
 
Sem falar na inflação gritante, que está lotando os aviões. As filas para tirar um passaporte levam meses, pois quem pode vai fazer turismo de compras no exterior. Os preços de passagem e hotel compensam o que se deixa de gastar nos belos shoppings da cidade, com preços exorbitantes nas vitrines e caixas registradoras às moscas. Nos States tudo é baratinho, baratinho, e a brasileirada com poder aquisitivo está sendo recebida com sorrisos e tapete vermelho.
 
 
Mas nem tudo são flores: fiquei duas horas na fila da alfândega de Miami, mesmo sendo cidadã americana. Numa parede, um grande cartaz vermelho explicava a demora inusitada: “Por motivo de cortes de verbas federais  no Departamento de Segurança Interna, estamos com poucos funcionários. Pedimos desculpas, e tentaremos atendê-los o mais rápido possível”. Rápido? Parecia mais uma operação tartaruga, e justamente com turistas estrangeiros!
 
 
O voo da American chegou às quatro da manhã, portanto, imagine o inferno que deve ter ficado  mais tarde, quando chegam a maioria dos voos internacionais. Em entrevista à imprensa, a Secretária do Departamento, Janet Napolitano, estimou que nos horários de pique a demora no atendimento dos aeroportos será de mais de quatro horas. Isso ocorre justamente no verão, quando aumenta o fluxo de turistas no país. Ah, o corte no orçamento foi de 5%!

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