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Cheio de nós pelas costas

A surpreendente entrada do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) na campanha à reeleição do atual prefeito Luciano Rezende (PPS), sem uma explicação convincente até o dia de hoje, pelo grau de animosidade que até então existia entre ambos, só foi possível pelas antigas ligações de Luiz Paulo com o jornalista Luiz Carlos Azedo. Essa relação é antiga, desde o tempo em que ainda atuavam no Partidão (PCB).  
Na sua passagem pelo Espírito Santo, quando integrou a equipe de Luiz Paulo na prefeitura de Vitória, Azedo cuidou de preparar Luciano para a política. Ele foi, inclusive, o responsável pelo ingresso do atual prefeito de Vitória no PPS – partido nascido com o selo do Partidão.
Embora distante de Vitória (há anos Azedo atua na imprensa brasiliense), o jornalista continua presente nas formulações das estratégias política de Luciano, sobretudo nos momentos decisivos, a exemplo do ocorrido nesse episódio envolvendo Luiz Paulo. O tucano foi sem dúvida o principal reforço agregado ao palanque de Luciano. Foi ele quem desbravou a picada abrindo o caminho para outros apoios, como o do deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB), uma das principais revelações da política capixaba recente. Os tucanos se somaram ao ex-governador Renato Casagrande (PSB), a primeira liderança importante a declarar apoio ao projeto de reeleição de Luciano, ainda em 2014.
Esse conjunto de forças enfrenta uma novidade da política capixaba, que passou a ocupar o trono, há muito desocupado, do populismo no Espírito Santo, que é o apresentador de televisão e deputado estadual Amaro Neto (SD). O que foi, inclusive, comprovado com o resultado eleitoral obtido por ele no primeiro turno da disputa, quando o apresentador do Balanço Geral bateu Luciano com autoridade nos bairros menos favorecido da cidade, onde se concentram as classes D e E.
Luciano, de outro lado, levou os votos dos bairros de elite e, sobretudo, da classe média, que somados garantiram sua vantagem sobre Amaro nesse primeiro turno. 
No segundo turno, tentando reverter a vantagem de Luciano nos bairros nobres, Amaro passou a flertar com as classes mais abastadas da cidade com propostas que esbarram aos interesses desse eleitorado. O combate ao pó preto, por exemplo, é uma dessas bandeiras. A mesma intenção de Amaro com o eleitorado de Luciano, leva o prefeito para a periferia para tentar tomar os votos do rival.
Ao que tudo indica, a eleição passa realmente por esse enredo: um querendo tomar o eleitorado do outro. Mas a disputa não fica restrita a esse embate. Como ocorre tradicionalmente, a disputa sempre fica sujeita ao eleitor de última hora. Aquele que vota pela obrigação de votar, como manda a legislação. Esse leitor costuma votar no candidato favorito – por isso as pesquisas têm peso nessas horas. Dentro desse grupo, está, por exemplo, o antigo eleitorado do PT, que se distanciou do partido, se recusando a votar no candidato petista (Perly Cipriano) no primeiro turno. Mas esse eleitorado ainda é importante. Não podemos esquecer que esse mesmo eleitorado elegeu no passado Vitor Buaiz e João Coser (duas vezes). Qual será o destino desses votos?
Na eleição de Vitória existe ainda um fenômeno diferenciado dos demais, ameaçando influir no resultado das urnas. Há aquele eleitor que não vota em Luciano, mas que também resiste a Amaro. Como esse leitor dificilmente é detectado pelas pesquisas, sua decisão só será conhecida depois da contagem dos votos. Fica um suspense no ar à espera do destino desses votos. 

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