Sábado, 27 Abril 2024

Disputa global pela IA

Nos últimos anos, a guerra comercial e tecnológica entre a China e os Estados Unidos tem se intensificado, e uma das áreas de disputa é a Inteligência Artificial (IA). Nos Estados Unidos, o setor é liderado por empresas como Google, Amazon e IBM, enquanto a China conta com gigantes como Alibaba, Baidu e Huawei. Ambos os países investem bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento, e o resultado desse esforço pode moldar o futuro da humanidade.

A China tem avançado agressivamente na regulamentação da IA, o que pode lhe dar uma vantagem em relação aos Estados Unidos. Em 2017, o governo chinês anunciou um plano ambicioso para se tornar líder mundial em IA até 2030 e, desde então, tem implementado uma série de regulamentações e incentivos fiscais para estimular o crescimento do setor. Em contraste, os Estados Unidos não têm uma política nacional clara para a IA, o que pode comprometer sua posição de liderança.

A China tem vantagens significativas em relação aos Estados Unidos em termos de dados disponíveis para treinamento de algoritmos de IA. O país tem uma população de mais de 1,4 bilhões de pessoas, a maioria das quais já usa serviços de pagamento on-line, redes sociais e outros aplicativos móveis, gerando enormes quantidades de dados. Além disso, o governo chinês tem investido pesadamente em pesquisas de IA, especialmente na tecnologia de reconhecimento facial.

Em 2019, a China tinha cerca de 170 milhões de câmeras de vigilância em operação, e o reconhecimento facial é amplamente utilizado para fins de segurança. A IA também é utilizada nos sistemas de crédito social do país, que atribuem pontuações aos cidadãos com base em seu comportamento. Ao utilizar IA para monitorar e controlar a população, a China pode estar criando um modelo que outros países podem emular.

Poder geopolítico e econômico

A disputa pela liderança em IA é mais do que uma corrida tecnológica. É uma questão de poder geopolítico e econômico. A IA tem o potencial de impulsionar o crescimento econômico, transformar o mercado de trabalho e aumentar a eficiência industrial. Os países que liderarem este setor terão uma significativa vantagem competitiva sobre os demais.

No contexto da cúpula de chefes de Estado e governo entre a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE), em Bruxelas, o presidente Lula ressaltou a importância da Inteligência Artificial e como ela pode impulsionar o crescimento econômico, transformar o mercado de trabalho, aumentar a eficiência industrial e conferir poder geopolítico e econômico aos países que liderarem a corrida tecnológica. É possível entender que o posicionamento de Lula foi de reconhecer a relevância estratégica da IA para o desenvolvimento do Brasil e da América Latina no cenário global.

As tensões entre a China e os Estados Unidos tornam difícil prever o percurso dessa acirrada competição e o conflito comercial e tecnológico em curso sugere que as empresas de tecnologia chinesas podem ter problemas para operar nos Estados Unidos e, as empresas norte-americanas podem enfrentar entraves no mercado chinês. Além disso, a competição pela liderança em IA pode levar ambos os países a redobrar seus esforços em pesquisa e desenvolvimento, o que pode levar a mais inovação e avanços, mas também pode levar a riscos maiores e potencialmente perigosos.


Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica "navegadora do conhecimento IA"
Instagram: @flaviaconteudo

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