Quando a Constituição de 1988 foi editada uma das clausulas tratava da autonomia e da liberdade dos sindicatos. A questão financeira dessa autonomia, porém, ficou para ser discutida décadas depois. A ideia era de que por meio de uma lei complementar, os recursos fossem controlados pelo Estado.
Quando o ex-presidente Lula assumiu a presidência, porém, ele vetou a proposta, permitindo que os sindicatos fizessem o que quisessem com as vergas sindicais. Essa atitude do governo federal, embora pareça muito democrática acabou confundindo mais do que clareando a situação.
Houve desde então, uma proliferação de sindicatos. Muita gente com propósitos nada interessantes para a classe trabalhadora se arvorou a dirigente sindical só para usufruir desses recursos. A expectativa de se fortalecer o movimento não se concretizou, muito pelo contrário, o movimento enfraqueceu.
Exemplo disso é a famigerada terceirização, que correu solta desde a década de 1970, acabou dando origem também à quarteirização e quinterização. Uma verdadeira escravização da mão de obra, que não era combatida com eficácia pelo movimento.
Neste sentido, cabe destaque a fala do coordenador do Sindibancário Carlão Araújo, que em entrevista ao jornal A Tribuna desta terça-feira (2) diz que é preciso acabar com a contratação de funcionários terceirizados em bancos. Essa bandeira deveria ser encapada de forma intransigente pelas centrais, já que o número de terceirizados e quarteirizados que atuam no poder público, imagina-se ser maior do que o contingente de carreira. Isso sem falar nas empresas privadas.
Por isso, o movimento sindical está nas ruas, programando uma Greve Geral para o próximo dia 11, fica sem sentido. Não se sabe exatamente quais são as pautas que estão sendo colocadas na rua. A impressão que fica é que, tendo o espaço tomado por um movimento popular, que inclusive, em um primeiro momento rejeitou a participação do movimento sindical, trabalhando um movimento que flertava com o anarquismo.
As centrais decidiram ir para rua, tardiamente, como quem quer recuperar um espaço que foi seu no passado. Mas para isso, é preciso ter bandeiras e ter pautas definidas. Antes tarde do que nunca, mas não pode ir para a rua e fica dando milho aos pombos.