Se a atual campanha eleitoral pudesse ser comparada a uma luta de boxe em 12 assaltos, como são as disputas por título mundial, diríamos que entramos no décimo round sem que nada esteja ainda decidido.
A candidata do PT, que levava a luta de barbada, sofreu uma queda com o lançamento da candidatura feminina do PSB, um mês atrás. Esteve grogue por algum tempo, mas parece ter-se recuperado.
Por ora, falta saber o efeito que poderá ter na luta o depoimento do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que resolveu colaborar com as investigações sobre maracutaias na empresa controlada pelo governo federal.
São milhões de dólares. Serão milhões de votos? Tudo precisa ser devidamente apurado. Quanto tempo vai demorar esse rolo?
Por menor que seja sua credibilidade, o “delator premiado” bateu no queixo do governo, mas a candidata do PT segue dançando no ringue, com sua cotação estabilizada em torno de 36% das intenções de voto, contra 30% da adversária-inimiga.
Empate técnico, dizem as pesquisas.
Seguindo assim, teremos segundo turno, quando as duas candidaturas mais votadas estarão sob novas influências, a saber:
1 – a credibilidade pessoal de cada concorrente
2 – os respectivos índices de rejeição
3 – as alianças partidárias de ocasião
4 – os conchavos políticos de última hora
5 – o poder econômico latu sensu, no que se inclui a compra de pesquisas
6 – a fadiga de material do PT após 12 anos de governo
7 – a força dos bolsões eleitorais formados pelas políticas de inclusão social
8 – o anseio pela renovação
9 – o chamado “voto evangélico”
10 – o desenrolar das campanhas e o resultado dos debates de rádio e TV
A luta será decidida por pontos, sem nocaute. Para quem gosta de boxe, uma decepção. Para a democracia, parece melhor que seja assim, com muita troca de golpes lícitos.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“Por falar em eleição, por que não só o voto contra? O menos votado seria eleito.”
Millôr Fernandes