Na semana que passou, o governador Paulo Hartung (PMDB) tentou mais uma vez emplacar pela mídia nacional seu discurso de desconstrução do antecessor Renato Casagrande (PSB) no encontro com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Sendo que a pauta era para dar apoio à presidente Dilma Rousseff.
Hartung tem um problema para resolver: sua popularidade. Quando deixou o governo em 2010, sua imagem – construída com o apoio de um arranjo institucional, da unanimidade política e do alto financiamento de parte da mídia – era de excelente gestor, sem mácula, até porque, toda a critica ficou recalcada nos bastidores políticos. Mais ou menos o que aconteceu na ditadura e faz com que uma parcela desinformada da população acredite que tudo era lindo naquela época.
Bom, Hartung chegou ao terceiro mandato sem essa blindagem. A dura campanha eleitoral com Renato Casagrande (PSB) acabou com sua imaculada vitrine. Sem o discurso do crime organizado e com uma crise internacional que o impede de retornar às promessas desenvolvimentistas, com a promoção dos empregos por meio da atração de investimentos internacionais, ele entra no nono mês de gestão sem que seu governo tenha uma cara.
Mas a resposta para a falta de uma marca está na frente do governador. Se ele desse à pasta abstrata de seu vice, César Colnago (PSDB), uma estrutura para que pudesse realizar um trabalho de fortalecimento da área de direitos humanos, como se propõe, se seus secretários de Saúde e de Educação largarem a tesoura e aumentarem os investimentos nas áreas que mais afligem a população, e se o governador sentasse para ouvir os servidores, sua imagem poderia melhorar bastante.
Hartung, porém, prefere acreditar que entregar um projeto piloto de educação construído sem qualquer debate com a população é a grande marca de seu governo. Prefere engavetar o projeto do aquaviário, por exemplo, que lhe renderia muitos pontos com o eleitorado, prefere fazer de conta que não tem dinheiro e apresentar um caixa cheio no fim do ano, para dizer que é um bom economista. Bom, se ele acha que a população está ligando para quanto tem no cofre em vez de cobrar o atendimento dos serviços básicos, aí é o problema é mais grave.