domingo, maio 18, 2025
21.9 C
Vitória
domingo, maio 18, 2025
domingo, maio 18, 2025

Leia Também:

Longa vida ao rei

Quando se dirigia ao rei, o público em geral devia saudá-lo apropriadamente – Longa vida ao rei! E alguns viveram mesmo muitos anos. No mais das vezes, porém, as majestades passavam a maior parte do tempo aboletados em seus tronos, aliás pouco confortáveis, vivendo vidas sedentárias, e morriam cedo. Caçadas, só uma vez ao ano e os bailes eram raros, embora nos filmes pareçam acontecer todo fim de semana. Ou sempre que uma plebeia precisasse encontrar seu príncipe.
 
Nas guerras ficavam nas barracas, rezando pra poder voltar pra casa. Um breve passeio matinal nos jardins do palácio só acontecia no começo da primavera. O mesmo estilo de vida se aplicava aos nobres, que não precisavam trabalhar. O povo, a quem ninguém saudava desejando uma longa vida, se exercitava por obrigação – sem carruagens, sem renda garantida pela coroa. Hoje temos alguns privilegiados com renda garantida pelo estado, mas a maioria do povo tem que se mexer, ou não come.
 
Tal como a realeza de outrora, hoje vivemos quase sempre sentados – na frente do computador, na frente da televisão, na frente do celular, que cada vez mais se intromete na nossa rotina e faz tudo para nós. E mais o carro, o elevador, o ônibus, o metrô, o telefone. E mais as compras, relacionamentos e interações outras online. O que veio para facilitar nossa vida pode estar nos matando, e nosso tempo ficará conhecido como a era do sedentarismo.
 
Ora direis, as academias estão cheias e a venda de bicicletas, roupas e tênis  para exercícios cresce a cada ano. Mesmo assim, 70% dos adultos estão obesos ou acima do peso. Alastrando por toda parte, a obesidade duplicou desde 1980, tornando-se  uma pandemia, ou seja, uma epidemia global. Em 2014, mais de 1.9 bilhões de pessoas acima dos 18 anos estavam acima do peso e 600 milhões eram obesos.
 
A maioria da população mundial vive em países onde os gordos morrem mais que os magros. O problema só tende a piorar: cada vez menos crianças brincam ao ar livre e poucos adolescentes praticam algum tipo de esporte. De 2009 a 2015, 8 milhões de americanos preferem passar o tempo livre no sofá da sala.  Por incrível que pareça, o grupo que se mexe menos é o da terceira idade – justamente os que estão provavelmente aposentados e com mais tempo para atividades físicas.
 
Os empregos sedentários cresceram 83% desde 1950, enquanto os fisicamente mais ativos encolheram para menos de 20% da força de trabalho. Em 1960, eram 50-50. Entre os não-sedentários estão os que entregam a correspondência alheia de porta em porta, de 8 às 8, de segunda a sábado. Os carteiros vivem mais que os outros? Os daqui trabalham de carro, mas estão se tornando espécie em extinção – a Internet avança célere nessa área. 

Mais Lidas