Os primeiros movimentos do grupo do governador Renato Casagrande para manter a unidade dos partidos que apoiaram sua eleição e que novamente devem estar juntos em 2014 foram no sentido de marcar o lugar do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) no palanque palaciano, evitando assim que ganhasse corpo as indicações no mercado político de uma possível candidatura do peemedebista ao governo.
Mas enquanto afastava a fumaça levantada pelo grupo de Hartung, Casagrande não percebeu que se erguia em seu grupo uma ameaça mais consistente do que a do ex-governador. O senador Magno Malta (PR) começa a colocar o bloco na rua e pode vir a ser um adversário mais indigesto que Hartung em 2014.
O senador, conhecido pelo poder de retórica com o eleitorado evangélico e com grande circulação nas camadas sociais menos favorecidas, pegou um ponto nefrálgico do governo Casagrande: a segurança. Herdeiro de um legado maldito do governo passado, Casagrande tem uma bola de neve atrás dele e não consegue impedi-la de crescer. Até porque o governador deixa transparecer que elegeu a saúde como sua principal meta para este primeiro mandato.
Magno com seu discurso polêmico sobre os métodos de combate à violência, defendendo a diminuição da maioridade penal, por exemplo, agrada a considerável parcela da população desesperada pelo discurso de terror que vem sendo reforçado no Estado pela mídia conservadora.
É claro que como governador, Magno nada poderá fazer em relação à diminuição da maioridade penal. Aliás, nem como senador, já que teria de provocar um plebiscito para isso e em meio a tantas questões de ordem financeira para os Estados nas cabeças das pautas do Congresso, essa questão, que já está na pauta do Congresso, deve ficar para depois.
Mas esse discurso de Malta pode pegar e Casagrande pode ter problemas em 2014, caso o senador realmente se afaste do Palácio Anchieta e construa um palanque de oposição no Estado. Pode ser um adversário bem mais pesado do que Hartung, que não está acostumado a disputas e saiu derrotado das eleições do ano passado.
Mais do que manter a unidade da base em meio a movimentações nacionais que podem afastar PT e PMDB de seu palanque, Casagrande agora terá uma pedra no sapato chamada Magno Malta.
Fragmentos:
1 – Casagrande se reuniu com a bancada federal na última segunda-feira (25) para traçar metas na atuação em defesa dos interesses do Estado. E muitas ações de interesse do Estado estão em tramitação no Congresso. O trabalho vai ser duro.
2 – Mas se a bancada não consegue chegar a um consenso sequer para definir seu coordenador, como vai conseguir unidade para alcançar um nível de atuação forte que faça valer os interesses do Estado?
3 –Uma coisa é certa, não dá mais para ficar nesse chororô de que o Espírito Santo dá muito mais para o Brasil do que vice-versa. Que o Estado precisa da ajuda do País. Precisa definir se vai assumir-se como Estado rico e cobrar neste nível ou vai desconstruir essa falsa imagem de riqueza, criada pela nuvem de fumaça dos incentivos às empresas de grande porte que pouco contribuem para a arrecadação estadual.