Domingo, 28 Abril 2024

Muito além do assalto

Esta semana houve uma paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus em protesto contra mais um assassinato de um trabalhador. Nada mais justo. Mas é preciso aprofundar um pouco mais a discussão sobre esse tema. As mortes nos coletivos não são mais uma novidade, estão acontecendo com frequencia.



Neste sentido, a paralisação de protesto não é mais um mecanismo eficiente. Afinal, a população se sensibiliza, sim, pela morte de um trabalhador. O que o sindicato tem de fazer é buscar formas mais eficazes de garantir a segurança da categoria.



O risco não está apenas no assalto no horário de trabalho, no trajeto entre o ponto final e os terminais. Ao iniciar sua jornada às 5 horas, o motorista e o cobrador têm que se descolar de casa até a garagem no meio da madrugada. Quem não tem veículo próprio fica entregue à própria sorte.



E quem tem, também corre risco ao sair de casa, podendo ser abordado por um criminoso nesse trajeto até o trabalho. Sem falar que está gastando de seu bolso para chegar ao local de trabalho. Na madrugada, o governo do Estado implantou o chamado corujão, que garante a circulação dos ônibus de terminal a terminal até à meia-noite. E do terminal para casa, como faz?



O sindicato tem de pressionar as empresas para que garanta a segurança do trabalhador dentro do ônibus e fora dele e o transporte desses trabalhadores deveria, sim, ser obrigação dos empresários. Dinheiro para isso o sistema rodoviário tem.



Como sugestão poderiam as  empresas instalar dormitórios na garagem, para que o trabalhador não precise sair de lá sem um transporte seguro que o deixe próximo de casa, ou manter uma condução especial para transportar esses trabalhadores. O que não pode é deixá-lo à mercê da própria sorte. Ainda mais porque vivemos em um Estado que lidera o ranking da violência no País.



A paralisação, além de não trazer nenhum benefício para os trabalhadores, ainda atrapalha a vida dos usuários. A questão da violência contra os trabalhadores do transporte público é séria demais para ser tratada com ações pontuais e consequentes do ato. É preciso prevenir e não apenas lamentar.

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