Dia desses, o governador Paulo Hartung (PMDB) reuniu alguns prefeitos do interior e disse que faria as barragens que eles tanto pedem para tentar resolver o problema da seca, mas avisou que a desapropriação das áreas ficaria por conta dos municípios. Os gestores engoliram a seco e saíram do encontro espumando. Como poderiam arcar com desapropriações, se não sabem nem como vão manter os salários dos servidores municipais?
As negativas de Hartung têm sido constantes aos municípios. Enquanto o governador vende para fora do Estado uma imagem de excelente gestor, que está fazendo um governo de excelência e se cacifando como liderança nacional, tem dado poucas ou nenhuma expectativa aos prefeitos que assumem no próximo dia 1º de janeiro.
Em vez de prometer ajuda técnica para a busca de financiamentos ou facilitações do governo do Estado, Hartung tem mandado os prefeitos passarem a faca nos gastos, como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo ,e entregar os serviços à iniciativa privada, por meio das PPPs.
Depois dos vereadores, os prefeitos são os agentes políticos mais próximos da população e serão eles que vão ouvir mais reclamação quando a situação ficar ainda mais crítica. Vendo a forma como os prefeitos estão tão desesperados ao chegar às suas gestões, dá para entender porque boa parte da bancada capixaba decidiu não disputar as eleições municipais, mesmo tendo como certas suas eleições.
Permanecer no mandato de deputado federal, podendo disputar a reeleição em 2018, é bem mais tranquilo do que sangrar à frente de uma prefeitura, acumular desgastes e ainda olhar para o pires vazio, no retorno das reuniões no Palácio Anchieta. Pior que isso, é ver os antecessores ou os derrotados no pleito deste ano apontando o dedo e mostrando as falhas. Não há capital político que sobreviva a isso.