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Olhando em frente

Podemos dizer que a eleição do ano passado é uma preliminar da de 2018. A próxima eleição promete ser fora do controle do governador Paulo Hartung (PMDB), diferente das últimas quatro disputas ao Palácio Anchieta, que garantiram três mandatos ao peemedebista e apenas um a Renato Casagrande (PSB).
 
Não que ele tenha perdido poderio político, mas por ter definido um novo caminho para si. Qual seja, o de militar na política nacional. Para tanto, PH necessita tão somente de um mandato de senador. Haveria dúvida quanto em voltar atrás, candidatando-se e ao governo? Não. Não há mais dúvida. Sobretudo quando se mede o tamanho do investimento que fez para inserir-se na política nacional.
 
Isto não quer dizer que ele estará ausente da escolha do próximo governador. Mas o ambiente tende a ser outro. Sem o espírito de caça aplicado nas disputas anteriores. O exemplo de Ricardo Ferraço (PSDB) abrindo caminhos para disputar o governo é a comprovação do que está se dizendo agora quanto à probabilidade do governador disputar à reeleição. Pois se fosse como antes ele já estaria iluminando a sua ex-secretária da Fazenda e atual titular do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi para ser sua sucessora.
 
Só que para pôr esse plano em ação Hartung teria que atropelar de uma só vez os tucanos Ricardo Ferraço e César Colnago e, de quebra, passar o guizo em Casagrande, pois não haverá dúvida de que o socialista estará presente na disputa ao governo, ainda mais sem a presença de PH na corrida.
 
É claro que muita água ainda irá passar por debaixo da ponte. Haveria outras soluções além das acima citadas? Vejo sempre na figura do deputado estadual Amaro Neto (SD) um potencial para desorganizar as demais estratégias, entre elas a do próprio senador Ricardo Ferraço, se ele realmente levar a bom
termo uma disputa para o Senado. Amaro, é preciso reconhecer, arrebentou às urnas em Vitória. A tendência seria repetir a boa votação em um eventual pleito ao Senado.
 
Embaraçaria tudo. Amaro representa ameaça ao senador Magno Malta (PR) e ao próprio Paulo Hartung. Que seria a dupla para o Senado numa provável candidatura do Ricardo Ferraço ao governo. Não é sem outro propósito que o governador Paulo Hartung faz do seu subchefe do gabinete Civil, Roberto Carneiro (vice na chapa de Amaro na disputa à prefeitura de Vitória) uma espécie de ligadura com o deputado do Solidariedade. Essa influência permite que Hartung influencie a direção dos seus interesses eleitorais sobre Amaro.
 
Enquanto o quadro eleitoral ainda não havia fervido, como ferveu com a entrada do Ricardo Ferraço, PH andou ventilando nomes com chances de sucedê-lo. Entre eles o do próprio Ricardo, naturalmente sem os trunfos que amealhou, dizendo que tinha quatro secretários também em condições. Mas não os revelou na época. Mas isso foi suficiente para provocar um calafrio nas costas de outros postulantes ao cargo. Mais tarde, porém, ficaria claro que PH não estava mais com essa bola toda para ditar o nome do seu sucessor.
 
O que procede, até porque ele vai ter que cuidar de si para ser eleito para o Senado. Além do mais, PH não pode sair-se mal. Ele quer evitar com todas as suas forças que o governador eleito em 2018 não seja Casagrande. Ele estará salvo ao desfrute do investimento nacional feito. No sentido de tornasse um personagem da política nacional. Com o senso de oportunismo que lhe é peculiar, Hartung encontra seu lugar ao sol no cenário nacional numa hora em que a classe política brasileira desmorona-se.
 
Prevejo, portanto, um PH cauteloso com a política capixaba, transigente, jogando defensivamente. A exemplo do que fez recentemente com a Assembleia Legislativa, na articulação para poupar seu adversário, Renato Casagrande, na CPI dos Empenhos. Numa demonstração clara de que não quer barulho no seu terreiro, para que não apareçam as cobras para correr atrás de si.

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