Segunda, 29 Abril 2024

Pagou, levou

Não surpreendeu o fato de ArcelorMittal e a  Aracruz Celulose (Fibria) liderarem o ranking de “investimento” na campanha eleitoral dos prefeitos do Estado. Para essas empresas parece ser mais barato financiar um político que mais tarde vai fazer vista grossa aos problemas desses empreendimentos do que tentar se adequar às normas para o bom convívio com a sociedade.



A ArcelorMittal luta contra a recomendação do Ministério Público para que instale as wind fenses, que não resolvem o problema grave da poluição, mas amenizam um pouco as consequências danosas para a saúde da população e o meio ambiente.



A Aracruz Celulose, além de sua nada amigável convivência com as comunidades tradicionais, incentiva o deserto verde e ainda usa venenos agrícolas no cultivo de suas plantações de eucaliptos, que insiste em chamar de “florestas”.



O problema é que de aberto mesmo só temos suas doações diretas aos prefeitáveis. Só para se ter ideia de como essa relação não tem nada a ver com identidade ideológico-partidária. Em Vitória, a doação das duas empresas foi exatamente igual para os três principais candidatos – Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), Iriny Lopes (PT) e o vencedor Luciano Rezende (PPS). No primeiro turno, a Arcelor doou R$ 30 mil para cada um e no segundo, R$ 20 mil.



Como o cenário na Capital era incerto, apesar de uma artificialidade numérica em favor do tucano, a empresa preferiu não arriscar, não colocar muitas fichas em um candidato e depois de ter que negociar com outro que recebeu menos ou nada.



A Aracruz foi mais audaciosa, repassando quase o dobro: R$ 50 mil no primeiro turno e R$ 45 mil no segundo. Luiz Paulo ainda recebeu mais de R$ 75 mil da Suzano Papel e Celulose. Talvez a empresa tenha acreditado que Luiz Paulo fosse virar mesmo o jogo.



O problema é que as doações não se dão só de forma aberta e transparente. A Arcelor doou mais de R$ 500 mil para os partidos políticos, em nível nacional. Já a Fíbria, que não anda bem das pernas, doou mais de R$ 1 milhão. Para onde e para quem esse dinheiro foi, talvez, jamais saberemos.



Uma coisa é certa, quem investe quer retorno financeiro. Colocando dinheiro nas campanhas desses candidatos, essas empresas, agora, aguardam as benesses que virão. E esteja certo, elas vão cobrar.

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