Uma situação que vem se mostrando recorrente no Estado é o enfraquecimento dos partidos. Tudo começou quando o governador Paulo Hartung (PMDB) chegou ao Palácio Anchieta, pela primeira vez, em 2002, e Lula à presidência. Em Brasília, o presidente Lula intensificou a política de coalizão; no Estado, a situação caminhou e se consolidou como uma política de unanimidade.
Nesse sentido, instalou-se no Espírito Santo uma política de grupos, que não se dissipou no período de Renato Casagrande (PSB), e passou a ganhar mais força, com o retorno e Hartung ao poder. Agora, com o início das movimentações para 2016, isso se torna mais evidente com a falta de alternativas nos partidos para as disputas municipais.
Nota-se que boa parte das siglas no Estado giram em torno de algumas estrelas políticas. Essas são as peças que vão atuar no tabuleiro eleitoral do próximo ano e não se observa grandes novidades no horizonte. Essas lideranças, porém, não percebem ou aceitam que têm voo controlado.
Basta observar quantas vezes Sérgio Vidigal (PDT), Audifax Barcelos (PSB), Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), entre outros, estão no mesmo ciclo: prefeituras, Câmara dos Deputados, prefeituras… Não saem disso, não criam condições de disputa ao Senado ou ao governo. Se fazem, atuam como coadjuvantes.
Isso acontece por causa de uma inversão de valores. Ao chegar a um posto de destaque ou à presidência dos partidos, ou ainda, colocando aliados nesses postos, essas estrelas de maior grandeza não trabalham internamente seu fortalecimento e, principalmente, o fortalecimento dos partidos.
Esta é a situação dos dois senadores do Estado. Magno Malta é o presidente do PR, mas além dele e do deputado estadual Gilsinho Lopes, o que mais tem o PR para oferecer ao eleitor? O partido se desidratou e Malta terá dificuldades para construir um palanque de disputa à reeleição em 2018. Tanto que até se aproximou do governador Paulo Hartung, de quem foi desafeto em um passado recente.
O mesmo acontece com a senadora Rose de Freitas (PMDB). Se entrasse na disputa pela prefeitura de Vitória, teria grandes chances de eleição, além de gerar visibilidade. Esse movimento poderia credenciá-la até para sucessão estadual em 2018, mas ainda não trabalhou o partido para isso, não criou uma relação que lhe garantisse apoio interno para pretensões futuras.
O enfraquecimento dos partidos e a falta de novas lideranças fortalecem a possibilidade de um novo arranjo político, com a legitimação de uma nova unanimidade, com um controle ainda mais rígido dos partidos e das lideranças políticas do Estado.
Fragmentos:
1 – Os socialistas mais chegados ao ex-governador Renato Casagrande garantem o esforço dele para que o partido tenha candidatos na maioria dos municípios do Estado. O objetivo é tentar mostrar poder de fogo contra os candidatos palacianos.
2 – O problema é que uma coisa é Casagrande com a caneta na mão ou candidato, outra coisa é ele apoiando sem nada para oferecer aos prefeitos e futuros prefeitos que começarão 2017 com a corda no pescoço.
3 – Sem dinheiro e sem cargo vai ser difícil enfrentar a influência do governador Paulo Hartung, que tem o cargo, e da senadora Rose de Freitas (PMDB), no interior, que está sentada no cofre da União, à frente da Comissão Mista do Orçamento (CMO).