A partir da fala do governador Paulo Hartung (PMDB), na entrevista coletiva de balanço de sua gestão em 2016, nessa terça-feira (27) parte da imprensa decidiu cravar que o governador vai se desincompatibilizar em abril de 2018 para disputar a eleição ao Senado. Afirmação muito arriscada em se tratando de Paulo Hartung (PMDB), principalmente se for observado o retrospecto do governador.
Em seu segundo mandato, ele garantiu que se desincompatibilizaria do cargo em abril de 2010, abrindo espaço para seu então vice, Ricardo Ferraço governar por oito meses e disputar a reeleição em outubro daquele ano. Também se falava na certeza de que Hartung disputaria o Senado, um caminho natural para um governador de dois mandatos.
Nada disso aconteceu. Hartung não se desincompatibilizou, Ricardo Ferraço não foi o candidato palaciano ao governo e o governador não disputou o Senado. Em 2012, o peemedebista passou a se movimentar no sentido de disputar a prefeitura de Vitória. Exigiu, porém, que João Coser tirasse a também petista Iriny Lopes do seu caminho. Como Coser não teve sucesso na empreitada, acabou desistindo da disputa. Em 2014, Hartung, depois de desconversar muito sobre seu caminho político, acabou entrando na disputa eleitoral aos 45 do segundo tempo.
Essa entrada em cima da hora, porém, não se deu por acaso. Hartung carregava debaixo do braço um tal estudo sobre as finanças do Estado, elaborado, entre outras pessoa,s pela então assessora de Ricardo Ferraço no Senado, Ana Paula Vescovi – hoje secretário do Tesouro Nacional. Ricardo, aliás, também tentava se viabilizar como candidato no PMDB ao governo.
Quando diz que quer se inserir o debate nacional, Hartung abre muitas possibilidades para 2018, e ao mesmo tempo, nenhuma, ao dizer que se houver um clamor pode até tentar outro mandato de governador. Isso não tem relação com clamor popular ou com situação econômica do Estado ou do País. É um velha tática do governador.
Faz parte de sua estratégia política tentar confundir o mercado. Enquanto aguardam um posicionamento do governador, as lideranças paralisam seus movimentos políticos e acabam colaborando com a escolha do melhor caminho para Hartung.
Por isso, antes de fazer qualquer aposta sobre o futuro político do governador, é bom olhar seu passado e saber que Hartung nunca tem um único caminho a seguir. Não gosta de se sentir encurralado e tem sempre um plano B ou C para lançar mão caso alguma coisa escape do seu planejamento.
Fragmentos:
1 – O governador Paulo Hartung (PMDB) e o prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS) podem até ter suas diferenças, por enquanto, mas numa coisa eles se assemelham. Quem quiser tirá-los do sério é só fazer alguma critica ou contestação em público. De preferência na frente da imprensa.
2 – O vereador eleito de Vitória Denninho Silva (PPS) já cumpriu uma promessa de campanha. Está no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, para agradecer os 6.167 votos recebidos na eleição de outubro passado.
3 – Nas montanhas capixabas, os prefeitos eleitos preferiram tomar posse na parte da manhã. Já na região metropolitana, a maioria vai tomar posse à tarde. Exceções são Guarapari, que terá a posse de Edson Magalhães (PSD) e fundão, que não terá posse de prefeito eleito e sim do presidente da Câmara que assumirá interinamente a cidade.