O polêmico projeto de criação dos 216 cargos comissionados no Ministério Público Estadual (MPES) nem chegou à Assembleia Legislativa e já expõe a relação de submissão dos deputados estaduais com a instituição comandada pelo procurador-geral de Justiça, Eder Pontes. A matéria publicada no jornal A Tribuna nesta quarta-feira (3), com o panorama da votação, mostra o tanto que a Casa come na mão do MPES, que tem a atribuição de denunciá-los. Dos 30 deputados estaduais, 19 preferiram se esquivar, dizendo que não conhecem o projeto; três se manifestaram a favor; dois contra; cinco não foram localizados; e Janete de Sá (PMN) não se deu ao trabalho nem de comentar. Pontes foi tão radical na condução do processo, que a tramitação da matéria na Assembleia vai deixar os deputados entre a cruz e a espada. Ou dizem amém aos interesses do procurador-geral e ficam bem na foto, livre da caneta do MPES, ou se indispõem com a opinião pública, que não tem engolido esse tipo de iniciativa. É aquela história: se correrem o bicho pega, se ficarem o bicho come.
Sinuca de bico II
Eder Pontes já disse que iniciará as negociações na Assembleia e a tendência é que o assunto morra ali mesmo, sem jogar carga no governador Paulo Hartung (PMDB), outro que não tem o mínino interesse em entrar em rota de colisão com o procurador-geral de Justiça.
Entrelinhas
Na rasgação de seda antecipada em favor de Eder Pontes, ganhou o presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM): “Eu sempre voto em favor do MP, por todas as boas causas que eles defendem. É uma entidade séria, que sabe o que está fazendo”, elogiou na matéria de A Tribuna. De fato, sobram motivos para Theodorico se derreter ao procurador-geral. Não necessariamente esses.
Ensaiado
O líder do governo na Assembleia, Gildevan Fernandes (PV), lógico que apareceria com a mesma estratégia do secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Roberto (PMDB), de tentar desqualificar o deputado Sérgio Majeski (PSDB) na polêmica do Escola Viva. Majeski tem dado muito trabalho ao governo do Estado, que insiste em passar por cima da comunidade escolar.
Na onda
Outro que fez a mesma coisa um dia desses foi o deputado Erik Musso (PP), com aquele papo de “novato” e etc. É nítido: está faltando argumento dos apoiadores da bandeira de campanha do governador Paulo Hartung (PMDB).
Contrariada
Já a deputada estadual Luzia Toledo (PMDB) até tenta, mas não consegue disfarçar o incômodo de ter que encarar protestos no plenário da Assembleia Legislativa, como ocorreu com os estudantes mais uma vez nessa terça-feira (2), na polêmica do Escola Viva. Até a expressão dela muda. Aliás, os deputados, de uma maneira geral, não estão preparados para o confronto de ideias.
Bombou
A publicação feita no Facebook pelo ex-governador Renato Casagrande (PSB), com o título “Balanço oficial desmascara a farsa do governo”, que é mais um round da guerra dos números, recebeu 947 compartilhamentos em pouco mais de um dia. Se presença nas redes sociais, sozinha, levasse eleição, Casagrande estaria feito. Neste quesito, ele dá de dez em Hartung.
Bate-rebate
Como sempre ocorre quando Casagrande contesta a tese do atual governo, a secretária de Estado da Fazenda, Ana Paula Vescovi, correu para a imprensa corporativa nesta quarta-feira (3), para apresentar a sua versão do balanço orçamentário. Esse embate, pelo visto, não terá fim.
Cabeça cheia
As bombas lançadas no PSDB do Estado devem ter deixado o vice-governador César Colnago (PSDB), digamos, meio aéreo. Quem esteve no recente evento da Rede Tribuna sobre educação percebeu algo fora de ordem no discurso do tucano, que durou mais de 40 minutos. No final, para completar, César teria soltado um agradecimento à Rede Gazeta. Ops!
140 toques
“Assinei o mandado de segurança contra a votação do financiamento empresarial das campanhas com mais 63 deputados”. (Deputado federal Helder Salomão – PT – no Twitter).
PENSAMENTO:
“Como os políticos jamais acreditam no que dizem, costumam ficar surpresos quando os outros acreditam”. Charles de Gaulle