domingo, junho 15, 2025
15.9 C
Vitória
domingo, junho 15, 2025
domingo, junho 15, 2025

Leia Também:

Uma Rose pelo caminho

A manifesta preferência do governador Paulo Hartung (PMDB) à disputa para o Senado (para daqui a pouco, em 2018) favoreceu a senadora Rose de Feitas. A também peemedebista passou a se sentir no direito de postular o lugar que o chefe do Executivo estadual ocupa hoje.
 
Embora o governador manobre bem nessas ocasiões de definição, com um vasto histórico de interferências no xadrez do poder, as evidências atuais, contudo, dão conta de que PH realmente está criando condições de pouso na política nacional, até porque as coisas não andam muito boas para ele aqui pelo Espírito Santo. É só olhar para o noticiário diário e para o resultado das urnas.
 
De alguma maneira, Hartung acaba fortalecendo as pretensões da senadora que, inclusive, já anda plantando em alguns lugares, como em Colatina, onde Rose ouviu de um experiente peemedebista a necessidade de conquistar o partido, algo que ela nunca se preocupou, segundo esse próprio interlocutor colatinense.
 
Com PH fora da reeleição para o governo, a vacância da disputa no PMDB se dará de imediato. O senador Ricardo Ferraço, que foi tirado da fila em cima da hora pelo próprio Hartung, em 2010, nunca deixou de ser um nome cogitado, mas ele mudou de partido na hora errada. Foi para o PSDB onde já estava vice-governador César Colnago. E quem o conhece sabe muito bem que ele, depois que se sentar na cadeira de governador – quando Hartung se afastar para concorrer ao Senado – dificilmente aceitará passar o lugar para outro, mesmo que seja para um colega tucano.
 
Contudo, a advertência do interlocutor colatinense é procedente. Até porque a senadora Rose, que domina um bom número de prefeitos Estado afora, nunca os encaminhou para dentro do PMDB. 
 
A maior parte deles, inclusive, acha-se em outros partidos. Embora ela seja hoje a parlamentar capixaba mais influente junto ao governo Temer, não há um peemedebista neste Espírito Santo que acredite que Temer colocaria a mão na Rose para fazê-la a candidata do seu partido ao governo do Espírito Santo. 
 
Por mais que tenha saído das eleições em Vitória alquebrado politicamente, o atual presidente do PMDB capixaba, deputado federal Lelo Coimbra, posto que lhe confiou o governador Paulo Hartung, não terá como evitar que a Rose reivindique a vaga ao comando do Palácio Anchieta. Além de sair chamuscado no prestígio das eleições em Vitória, os esforços de Lelo estarão voltados à eleição de PH para o Senado.
 
Existe também a possibilidade de Rose “casar” com PH na eleição: ela para o governo e PH para o Senado, como ocorreu nas últimas eleições em que ele ganhou o seu terceiro período de governo, em papéis invertidos. Que há, há, mas no que concerne somente à conjuntura eleitoral. Pois eles nunca se bicaram. Além de existir, como disse há pouco, um espertíssimo César Colnago atravessando no caminho, velho parceiro de PH na formulação do poder. Só que dessa vez, certamente, a seu favor.
 
Ainda mais se formar logo a convicção de que a Rose será mesmo a candidata do PMDB. Imprevisível como sempre, audaciosa por natureza, sua eleição para o Senado diz bem até aonde pode chegar essa sua audácia. É, no mínimo, uma interrupção no direcionamento que o governador Paulo Hartung vem dando no poder no Espírito Santo ao longo dos últimos 13 anos.
 
Nesse sentido, inclusive, Hartung mudou de estratégias para definir suas novas companhias. Trocou os Bragatos da vida, que preponderaram quando ele tinha absoluto controle da política, por parceiros com capacidade política de alinhar-se com ele para contribuir em momentos como esse em que uma Rose surge ameaçando tomar-lhe às rédeas do poder. São os casos específicos, sobretudo, de um Zé Carlinhos da Fonseca, que assumiu a chefia da Casa Civil, ou de um audacioso Octaciano Neto, que comanda uma das secretarias (Agricultura) mais poderosas do ponto de vista político.
 
É isso que está realmente em jogo. Rose no pau de sebo para pegar o prêmio, César Colnago querendo ser o candidato palaciano ao governo, e PH cultivando alianças com novos valores já pensando no novo tabuleiro que se formará depois da sua última rodada de combate com o ex-governador Renato Casagrande (PSB), prevista para se encerrar em 2018.

Mais Lidas