Com a afirmação do governador Paulo Hartung de que está de saída do PMDB, o mercado político começa a especular qual seria o caminho partidário que ele tomaria. Hartung, que num passado remoto chegou a dizer que se pudesse fundaria um partido para ele mesmo, criticou, no balanço do seu governo apresentado na última terça-feira (27), a proliferação de partidos no País e as alianças pragmáticas nas eleições deste ano.
Já em entrevista concedida ao Valor Econômico (28/12/16), Hartung é apresentado pela jornalista Maria Cristina Fernandes como o “mais tucano dos peemedebistas”. A verdade é que a imagem de Hartung é meio que indissociável do PSDB, um partido que vem se movimentando no Estado à luz das articulações em torno de Hartung.
Luiz Paulo Vellozo Lucas que o diga. Por duas vezes o tucano foi tirado da disputa ao Senado (2006 e 2014) porque o partido decidiu fechar acordo com Hartung. Em 2008, por orientação do governador, seu então vice, Ricardo Ferraço, fez campanha para o candidato do PT à prefeitura de Vitória, João Coser, contrariando o palanque do PSDB, que naquele momento apoiou Luciano Rezende (PPS).
Esses episódios mostram que Hartung tem uma presença de bastidores muito forte no ninho tucano. Se voltasse para o PSDB, apenas tomaria como de direito aquilo que já domina de fato. O governador passaria a ser a maior liderança do partido no Estado e acomodaria muitaos interesses no ninho. Até porque, uma vez lá dentro não haveria vozes dissonantes, como existem hoje.
A ida de Hartung para o PSDB, caso se confirme, acenderia o sinal de alerta na mesa de seu atual vice, César Colnago. O tucano é aliado de primeira linha de Hartung, mas a relação se dá em outro patamar. Colnago não é submisso ao controle do governador.
Colnago é um risco porque se movimenta nos bastidores sem a “permissão” de Hartung. Com o governador dentro do PSDB, Colnago fica travado para se articular. Teria que se submeter às definições de Hartung sobre o cenário político do Estado, que por sua vez, depende do cenário político nacional para escolher seu caminho.
Fragmentos
1 – O prefeito de Linhares, Nozinho Correa (PRTB), parece não ver a hora de deixar o cargo. Foi publicado nesta quinta-feira (29) o edital com as exonerações do secretariado. Até aí tudo bem, se o decreto não tivesse sido assinado na segunda-feira (19).
2 – O prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), diz que não tem dinheiro para a queima de fogos do réveillon, mas para pagar rescisão de contrato de comissionado tem. Pode isso?
3 – No apagar das luzes de 2016, o governador Paulo Hartung (PMDB) decidiu fazer um agrado ao deputado que mais pegou no seu pé durante o ano, Sérgio Majeski (PSDB). Ele sancionou lei, aprovada na Assembleia, e que foi proposta pelo tucano. A lei institui o Dia Estadual do Funk no Estado.