Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, realiza há mais de meio século a festa 13 de Maio: Raiar da Liberdade, que celebra a abolição da escravatura no Brasil e destaca a cultura negra numa festa repleta de danças típicas (jongo, capoeira, Folia de Reis) comidas e festejos. Nesse ano, o evento tradicional levado pela mestra de caxambu Maria Laurinda Adão lançou também duas heranças físicas para ficar na memória do povo e acompanhar a tradição, um livro sobre caxambu e um CD de Charola.

O livro vem de uma leva de obras produzidas há algum tempo sobre motes específicos da cultura negra no Brasil e no Estado. “O primeiro livro resgatou a história de uma comunidade quilombola; o segundo abordou a Folia de Reis; e esse conta a história do Caxambu, de onde ele veio, o que ele é, tudo de forma didática e lúdica, já que estamos conversando com o público infantil e queremos encantar as crianças”, explica Genildo Coelho sobre a obra, que obteve pesquisa dele e entrevistas com os mestres e personagens ativos nessa tradição.
O livro ganhou edital para ser lançado com 500 cópias, mas Genildo Coelho e a Associação de Folclore conseguiram no final das contas uma tiragem de mil exemplares da obra, por apoio da gráfica. Dessa forma, o livro além de ser distribuído em comunidades de Jongo e Caxambu, será doado à Biblioteca Pública do Estado, à escolas e também vendido, por R$ 10, como forma de sustentar as atividades de quem constrói essa história.
Aliás, lançar o livro para o público infantil foi estratégia muito bem articulada, contou Genildo. “É intencional o foco no público infantil para que a gente possa incomodar mesmo as escolas acerca do aprendizado da cultura afrodescendente nesse âmbito. É importante que as escolas ofereçam a seus alunos um material pedagógico de qualidade como esse, que transcreve a história a partir de relatos dos próprios mestres de Caxambu, de quem viveu e vive essa cultura, a nossa pesquisa é em cima da versão deles, por isso a riqueza de conteúdo, por isso a importância”.

“O objetivo de reunir a cultura desse grupo em um CD é fazer com que essas toadas sejam difundidas para as novas gerações, com que se documente essa tradição, além de dar visibilidade ao grupo e fazer com eles consigam também manterem as atividades de forma sustentável, pois além dos CDs serem distribuídos, eles também são vendidos ao preço de R$ 10 e a verba beneficia eles”, detalha o organizador.
O objetivo é manter essas publicações e, além de distribuí-la, comercializá-las por meio do próprio site da Associação de Folclore. Para isso, Genildo contou que, em cerca de dois meses, o site será preparado para vender esses produtos e possibilitar o alcance deles a locais mais distantes. Além disso, a verba contribuirá para a manutenção dos grupos envolvidos, como já frisado, o fortalecimento da Associação e o próprio lançamento desses produtos com verba própria.
Por enquanto Genildo conta que o trabalho de distribuição continua e que há mais projetos de livros e CDs para serem viabilizados e concretizados, levando a história de cultura afrodescendente para mais locais.