Segunda, 13 Mai 2024

???Mimado??? pelo Sincades, ???Open Road??? estreia no Espírito Santo

???Mimado??? pelo Sincades, ???Open Road??? estreia no Espírito Santo

 

O polêmico Open Road - ou Angie, de acordo com a versão brasileira - chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (12). O filme foi um dos casos mais escandalosos da curiosa relação entre o Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades) e a Secretaria de Cultura do Estado (Secult) por intermédio do Instituto Sincades. 
 


Open Road teve algumas cenas gravadas em Vitória e foi contemplado com R$ 800 mil, um “agrado” da Era Paulo Hartung, via Instituto Sincades.
 
O longa-metragem, que conta a história de uma jovem artista que resolve deixar sua família rica e se aventurar pela Califórnia, não tem chamado muito a atenção da classe artística capixaba. Alexandre Serafim, presidente da seção capixaba da Associação Brasileira de Documentaristas & Curta-Metragistas, confessa que além da sinopse do filme não lhe agradar, ele é contra fomentar esse tipo de ação do governo.
 
“O dinheiro destinado ao marketing e a propaganda política não deve sair da pasta de cultura e sim do turismo. Se for para incentivar a produção cinematográfica local, que seja por uma política clara de editais”, afirma Alexandre.
 
Open Road é dirigido pelo ator brasileiro Márcio Garcia e o elenco conta com estrelas hollywoodianas como Andy Garcia, Camilla Belle e Juliette Lewis. A justificativa do Sincades para o investimento foi a de divulgação turística do Estado. Mas não se sabe os critérios que orientaram o investimento.
 
O nome do Instituto Sincades já figura como parceiro de projetos culturais desde 2008, mesmo ano de sua criação. A participação do Sincades na produção cultural capixaba se ampara numa política de renúncia fiscal. Além disso, pesa sobre a entidade a suspeita de curadoria dos projetos culturais, escolhendo somente aqueles que lhe interessa financiar e associar a sua marca. 
 
Dessa maneira uma instituição de iniciativa privada e sem nenhum vínculo com o meio artístico capixaba vem decidindo os rumos da cultura local. O músico Fraga Ferri, Membro da Câmara de Música do Conselho Estadual de Cultura (CEC) desde 2009, já afirmou em entrevista ao Século Diário que não há informação que explique como isso é gerido e de que forma são escolhidos os projetos. 
 
Apesar de a história de Open Road também não agradar a Fraga Ferri. Ele comenta que talvez veria o filme para tentar descobrir qual foi a motivação que justificaria o elevado investimento na obra. 
 
“Nós brigamos tanto por políticas públicas e pela aplicação de recursos na cultura e então vemos esse investimento gigantesco numa obra comercial e que vai de encontro à valorização da produção local, enquanto muitos aqui não conseguem recursos para fazer um simples curta”, desabafa. 
 
Mas no dia 18 de março a Justiça acatou uma liminar para suspender o repasse de verbas para o Instituto Sincades. No último domingo, o caso ganhou um tom mais degradante: o colunista da Folha de S. Paulo, Elio Gaspari, abordou a decisão judicial e assim resumiu o caso Sincades: “um incentivo fiscal que virou mimo sindical”.

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