Sexta, 03 Mai 2024

Museu Intercontinental ÁfricaBrasil celebra a arte africana com exposição

Museu Intercontinental ÁfricaBrasil celebra a arte africana com exposição
A história do Museu Intercontinental ÁfricaBrasil começou na Europa, na década de 1960, mas foi no Porto de São Mateus, norte do Espírito Santo, que ele se tornou realidade. A criação do ÁfricaBrasil se deve ao escritor e historiador Maciel de Aguiar, que orientado pelo antropólogo Darcy Ribeiro e o romancista Jorge Amado, conseguiu resgatar peças importantes da cultura africana que faziam parte de coleções particulares em várias partes do mundo.
 
“A ideia era reunir antigas obras de arte, que há muito foram retiradas da África, em um só lugar. Para isso, precisei convencer esses detentores a doar as peças para o museu”, conta Maciel de Aguiar, conhecido como guardião do museu. Durante 40 anos de trabalho e pesquisa, financiados por recursos próprios, Maciel construiu um acervo de 4.800 peças, entre máscaras e esculturas produzidas pelos povos que formam o continente africano.
 
Apesar de ser um dos maiores acervos de arte tribal africana e de receber visitas, principalmente, de estrangeiros, o museu tem sido ignorado pelos órgãos públicos desde a sua inauguração, em fevereiro de 2012. “O governo federal não tem a menor sensibilidade, mas nós vamos nos mantendo mesmo com muita dificuldade”, diz Maciel. Entre as dificuldades do museu estão a manutenção dos custeios e a contratação de pessoal especializado. 
 
Hoje, o Museu Intercontinental é mantido com recursos próprios pelo Instituto ÁfricaBrasil, sociedade civil sem fins lucrativos.
 
Em âmbito estadual, apenas a Secretaria de Cultura tem-se proposto a oferecer apoio ao ÁfricaBrasil. A mais recente ação é a exposição “Reinos, Escudos e Máscaras”, que será aberta nesta terça-feira (19), às 19h30, no Museu Capixaba do Negro (Mucane). Maciel de Aguiar, curador da mostra, explica que esse recorte contemplará 35 peças, que datam dos séculos 18, 19 e inicio dos 20, todas ligadas aos reinados de Cabinda, Benguela, Congo e Moçambique, que reportam as principais etnias que formaram a sociedade brasileira.
 
“São obras que inspiraram Picasso, Modigliani e Salvador Dali e dão conta de explicar a capacidade inventiva do povo africano. Fatos que são negligenciados pela elite acadêmica que não admite que grandes artistas europeus foram influenciados pela arte africana”, completa Maciel. A exposição tem o objetivo de extinguir esse preconceito e valorizar a arte tribal afro, possibilitando uma maior compreensão sobre as influências africanas na formação da sociedade brasileira.
 
    
 
O acervo valioso do museu e o descaso do poder público chamaram a atenção do arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil cardeal dom Raymundo Damasceno. O cardeal visitou recentemente o museu por causa do tema da Campanha da Fraternidade de 2014: “a contribuição dos africanos na formação do Brasil” e o “tráfico de gente”. Dom Raymundo ficou impressionado com o museu e disse ainda que faria uma manifestação à presidente da Dilma Rousseff sobre suas impressões do ÁfricaBrasil.
 
Após dom Raymundo Damasceno, o museu também recebeu a procuradora da República no Espírito Santo Walquiria Imamura Picoli. O evento provocou a instauração pelo Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) de um inquérito civil público para apurar a existência de políticas públicas visando à preservação daquele acervo e do sítio histórico do Porto de São Mateus.
 
Um reconhecimento que promete a valorização e a conservação desse belíssimo patrimônio cultural.
 
Serviço
 
A abertura da exposição “Reinos, Escudos e Máscaras” será nesta terça-feira (19), às 19h30, no Museu Capixaba do Negro (Mucane). Avenida República, 121, Centro, Vitória. Entrada gratuita.
Visitação: de 20 de novembro a 22 de dezembro - terça a sexta, da 9h às 21h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h; de 26 de dezembro a 20 de janeiro de 2014 - terça a sexta, das 9h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. Agendamento de visitas: (27) 3222-4560, de segunda a sexta, das 9h às 18h ou pelo e-mail

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