Sexta, 17 Mai 2024

Espírito Santo é vice-líder nacional em mortes por arma de fogo

Espírito Santo é vice-líder nacional em mortes por arma de fogo
A nova edição do Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por Arma de Fogo foi lançada na manhã desta quinta-feira (14), em Brasília. O estudo, de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coloca o Estado mais uma vez na segunda posição nacional em mortes por arma de fogo e de mortes de jovens também por arma de fogo. 
 
O relatório, lançado na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, aponta que as vítimas preferenciais de homicídios por arma de fogo no Estado são jovens com idades entre 15 e 29 anos. O Índice de Vitimização Juvenis por Arma de Fogo (IVJ-AF) no Espírito Santo é de 394,9%, o que equivale a dizer que acontecem cinco mortes de jovens a cada morte de não jovem. 
 
Se no Estado o índice já é alto, em Vitória a realidade é ainda mais alarmante. Na Capital o IVJ-AF é de 587,4%, ou seja, são sete mortes de jovens para cada morte de não jovem. 
 
O Espírito Santo, assim como em outros anos, ostenta a ingrata segunda posição dentre os estados em que mais se mata por arma de fogo, só perdendo para Alagoas. A taxa de mortes por arma de fogo registrada em 2012 (ano base do estudo) foi de 38,3 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Entre jovens a taxa ficou em 91,8 por 100 mil, demonstrando a seletividade nas mortes.  



 
Entre 2002 e 2012 houve variação de 38,8% nas mortes por arma de fogo, considerando a população total. Já entre 2011 e 2012 houve redução de 1,5% na taxa de mortes. 
 
Entre os jovens, as taxas variaram em 9,3% em 10 anos, sendo que houve queda de 2,1% entre 2011 e 2012. 
 
O Mapa da Violência 2015, assim como outros estudos já haviam apontado, mostra que os negros são as principais vítimas de mortes violentas no Estado. 
 
De acordo com o Mapa, em 2012 foi registrada taxa de 53,6 mortes por grupo de 100 mil, enquanto a de brancos ficou em 9,3 por 100 mil. Entre 2003 e 2012 a morte de brancos variou negativamente em 38,1% e a de negros variou positivamente em 44%. 
 
Municípios
 
O Mapa da Violência apontou que a Serra foi o município com maior taxa de óbitos por arma de fogo no Estado, dentre aqueles com mais de 20 mil habitantes. A taxa média entre 2011 e 2012 de óbitos por arma de fogo ficou em 78,1 por grupo de 100 mil habitantes, sendo que a taxa média de homicídios por arma de fogo ficou m 77,4. Nacionalmente, o município ocupa a 17ª posição. 
 
Seguido da Serra vem Pinheiros, no norte do Estado, que registrou taxa média de óbitos de 67,3 por 100 mil e de homicídios por arma de fogo de 65,9. Cariacica registrou taxa de óbitos de 60,3 e de homicídios de 59,9; Vitória, em 2012, registrou taxa de óbitos por arma de fogo de 53,4 e de homicídios de 52,2; e Pedro Canário, no norte do Estado, registrou taxa média de 59,9 óbitos e homicídios por arma de fogo entre 2011 e 2012. 
 
Entre os jovens, as taxas de mortes e de homicídios por arma de fogo em 2012 nos municípios mais violentos são equivalentes às de guerra civil. 
 
Assim como na população geral, a Serra é o município com as maiores taxas dentre aqueles com mais de 15 mil habitantes. Segundo o Mapa, a taxa média de óbitos por arma de fogo entre 2011 e  2012 ficou em 184,6 por 100 mil, sendo a taxa de homicídios de 183,7; Cariacica registrou taxa média de óbitos de 145,1 por 100 mil e de homicídios de 144,7; em Vitória a taxa média de óbitos ficou em 138,9 e a de homicídios em 137,4; e Vila Velha registrou taxa média de óbitos por arma de fogo de 114,7 e de homicídios de 114,4 mortes por grupo de 100 mil habitantes. 
 
Fatores 
 
As altas taxas de mortes e homicídios por arma de fogo no Estado não são reflexo somente da ação isolada de pessoas, do uso de álcool e outras drogas e do temperamento dos indivíduos, mas de um conjunto de fatores que contribuem com o aumento nos índices de violência. “A tradição de impunidade, a lentidão dos processos judiciais e o despreparo do aparato de investigação policial são fatores que se somam para sinalizar à sociedade que a violência é tolerável em determinadas condições, de acordo com quem a pratica, contra quem, de que forma e em que lugar”, diz o Mapa.   
 
Além disso, combinados estes fatores com o imenso arsenal de armas de fogo existentes no País, chega-se a índices de mortes violentas equivalentes ou superiores aos de países que vivem em situação de guerra ou conflito armado. 
 
O Mapa aponta que no ano de 2012 no País aconteceram 75.553 óbitos de jovens ao todo e por todas as causas e que 24.882 dessas mortes foram por armas de fogo, ou seja, 33% dos óbitos juvenis foram por este instrumento. Por isso, as armas de fogo constituem a principal causa de mortalidade da juventude brasileira, bem distante da segunda causa, que são os acidentes de transportes, responsáveis por 20,3 da mortalidade juvenil. 
 
O sociólogo Julio Waiselfisz, no relatório, aponta que em 2012 a HIV, responsável pela Aids, matou, em 2012, 12.073 pessoas de todas as idade, o que já é um dado preocupante. Este crescimento deu origem a grandes campanhas, programas, estruturas de prevenção, proteção ou tratamento. No entanto, as armas de fogo mataram, neste mesmo período, 3,5 vezes mais pessoas, mas não houve a mobilização para enfrentar também esta tragédia. Entre os jovens, a Aids foi responsável por 1.618 óbitos; já as armas de fogo mataram 22.694, isto é, 15 vezes mais.

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