Domingo, 05 Mai 2024

Policiais e Prefeitura de Vitória recolhem pertences de pessoas em situação de rua

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Circula em grupos de WhatsApp destinados a moradores de Jardim da Penha, em Vitória, fotos de policiais militares recolhendo pertences da população em situação de rua em alguns pontos do bairro. As imagens vêm acompanhadas de uma mensagem de que a ação foi feita em um "trabalho integrado com a Prefeitura de Vitória" e que foi recolhido "material abandonado". A Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Vitória nega e repudia a medida, além de classificá-la como uma tentativa de jogar a comunidade contra essas pessoas e a própria pastoral.

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Na mensagem consta, ainda, que é "importante um movimento pela comunidade de não fornecer esse tipo de material". A agente de pastoral Izabel Cristina Almeida de Souza aponta que como toda terça-feira são realizadas doações de itens como cobertor, roupas e colchões, e comida, a informação trata-se de uma forma de incutir nos moradores que as pessoas em situação de rua estão descartando os utensílios doados, jogando a comunidade contra elas e a ação da igreja.

Contudo, informa Izabel, nessa terça-feira (18), ao receber as doações semanais, pessoas em situação de rua relataram que naquele mesmo dia a PM e profissionais da prefeitura tinham recolhido pertences, ao contrário do alegado, em utilização. Alguns, relata, procuravam roupas no lixo porque estavam somente com a do corpo. "Isso em plena chuva, em pleno inverno! O poder público, em vez de fazer o trabalho de tirar as pessoas da rua e dar moradia, atrapalha o pouco que a gente consegue fazer. Eles são cidadãos, têm direito de ter seus utensílios, suas roupas, seus objetos, como qualquer um de nós. Isso precisa ser respeitado", protesta Izabel.
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O Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica divulgou nota de repúdio em que classifica a ação como "truculenta e desumana". "Esse é um tipo de abordagem recorrente e demonstra um entendimento totalmente distorcido de políticas públicas voltadas para o cuidado dos mais necessitados e, acima de tudo, uma enorme desumanidade", pontua.

Não é a primeira vez que a prefeitura toma esse tipo de iniciativa. Em janeiro de 2022 a Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Vitória também se mostrou contrária à ação da gestão de Lorenzo Pazolini, que recolheu móveis de pessoas em situação de rua na região da Curva da Jurema. "A Prefeitura de Vitória não garante nada às pessoas em situação de rua e ainda expropria o pouco que elas têm para se manter com o mínimo de dignidade", criticou na época o agente de pastoral Carlos Fabian de Carvalho.

Ações semelhantes foram efetivadas na gestão passada, de Luciano Rezende (Cidadania). Em agosto de 2020, pertences de pessoas em situação de rua foram recolhidos por meio de caminhões e carros da prefeitura, com apoio dos agentes de segurança pública. Além disso, malocas, que são moradias improvisadas, foram desmontadas. No mesmo mês, também aconteceram outras ações do tipo. Uma delas foi embaixo da Segunda Ponte, após um ato ecumênico que denunciou a violência contra a população de rua. As outras, em Jardim Camburi e Jardim da Penha, e na Praça do Papa, na Enseada do Suá.

A realizada em Jardim Camburi teve apoio da PM e foi divulgada nas redes sociais pelo vereador Luiz Emanuel Zouain (Republicanos), que chamou a ação de "choque de ordem" e agradeceu a um major e sua equipe e também aos coordenadores da Associação de Moradores de Jardim da Penha (Amjap). Na ocasião, o padre Kelder Brandão, coordenador do Vicariato, se pronunciou dizendo que o vereador "encarna o que existe de pior na nossa sociedade" e destacou que as ações de Luiz Emanuel são "desumanas, incivilizadas e cruéis, pecados que bradam aos céus", que "não passarão despercebidos aos olhos de Deus".

'Vereador trata os pobres, os moradores de rua como lixo', protesta padre Kelder

Ação que retirou pertences de moradores de rua em Vitória é atribuída a Luiz Emanuel Zouain, com conivência da prefeitura e governo
https://www.seculodiario.com.br/direitos/vereador-trata-os-pobres-os-moradores-de-rua-como-lixo-protesta-padre-kelder

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