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População passa fome, mas prefeituras não dialogam, denunciam entidades

Movimentos populares defendem que é preciso encontrar alternativas para distribuir cestas básicas a quem não está no CadÚnico

A população está desassistida pelas prefeituras. É o que afirmam lideranças de movimentos populares da Grande Vitória que, frequentemente, em meio à pandemia do coronavírus, têm se deparado com a queixas de muitas pessoas, principalmente em relação à garantia de alimentação para famílias de baixa renda. A resposta do poder público municipal a essa demanda, segundo as entidades, muitas vezes não acontece. 

Para dar visibilidade à situação, a presidente da Associação de Moradores de Vila Izabel, em Cariacica, Elza Patrício Fagundes, publicou um apelo nas redes sociais para que a gestão do prefeito Geraldo Luzia de Oliveira Júnior (Cidadania), o Juninho, abra diálogo com os movimentos populares em benefício dos moradores que não têm cadastro no CadÚnico e precisam de assistência para se alimentar. 

De acordo com Elza, as famílias que têm CadÚnico recebem cestas das escolas, mas entre as que não têm existem pessoas desempregadas ou trabalhadores informais que estão com sua renda comprometida devido à pandemia. “A gente sente, sofre em ver a situação. Por isso, fiz o apelo para a prefeitura arranjar alternativas”, diz a presidente da associação, que sugere, por exemplo, um mapeamento por região das famílias que precisam de assistência. 
Elza destaca que, se necessário, a Associação de Moradores de Vila Izabel disponibiliza seu espaço para a prefeitura caso precise de um local na região de atuação da entidade para fazer esse mapeamento e entregar cestas básicas. Ela defende a parceria entre lideranças populares e o poder público municipal para que essas atividades sejam feitas de forma a atender todas pessoas que precisam. “As portas têm que se abrir, a prefeitura tem que aparecer, os vereadores têm que colocar o pé no chão e trabalhar para ajudar o povo”, diz Elza. 
No município canela-verde, segundo a coordenadora do Conselho Comunitário de Vila Velha, Irene Léia Bossois, a situação não é muito diferente. As cestas das escolas estão sendo destinadas somente para quem tem cadastro no CadÚnico, a população de rua está sendo assistida por meio do Centro Pop, mas não há alternativas para desempregados e trabalhadores informais que não têm o cadastro. 
Irene afirma que a assistência a essas pessoas está sendo feita principalmente por associações de moradores. Algumas, como a do bairro Boa Vista, distribuem marmitex no almoço e na janta, relata a coordenadora do Conselho Comunitário de Vila Velha. Ela salienta que o prefeito Max Filho (PSDB) faz lives com frequência pelo Facebook, onde as pessoas podem tirar dúvidas, fazer suas reivindicações, mas não é possível responder ao grande número de questionamentos. 
Em Vitória, Cryslaine Zeferina, integrante do Coletivo Beco, uma das entidades que criou a campanha de arrecadação de alimentos Favela Contra o Vírus, reclama da falta de diálogo da prefeitura com os movimentos. “Nós fomos os primeiros no Espírito Santo a iniciar esse tipo de campanha e até hoje a prefeitura se recusa a dialogar com a gente, com os movimentos, com quem está na ponta”, desabafa.

Cryslaine destaca que não somente famílias que não têm cadastro no CadÚnico estão “na linha da miséria”, como afirma, mas também muitas que têm o cadastro e, mesmo assim, não estão recebendo as cestas. 

Já na Serra, a prefeitura contempla com cesta básica também as pessoas que não têm inscrição no Cadúnico, segundo a assistente social e integrante do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Mirian dos Santos Glória. Ela conta que o poder público municipal criou uma Central de Benefícios no Cras de Laranjeiras, onde as pessoas podem, por exemplo, buscar as cestas básicas. Mirian relata que as famílias que não têm cadastro no CadÚnico podem receber, desde que a renda per capita seja de até R$ 176,00. O benefício é destinado principalmente para famílias que têm idosos e crianças ou adolescentes. 
Entretanto, Mirian destaca a dificuldade que as famílias encontram para agendar a entrega do benefício, pois no telefone disponibilizado, muitas vezes, ninguém atende. Já no site há dificuldade de acesso.

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