Segunda, 29 Abril 2024

​Guaibura: intervenções de empreendimento de luxo já afetam a fauna

Guaparari_Guaibura_fotoleitor Foto Leitor

Animais silvestres como capivara, teiú e ouriço apareceram mortos nos últimos dias nas imediações do Morro da Guaibura, costão rochoso localizado na região da Enseada Azul, em Guarapari. Isso porque, na semana passada, deu-se início às ações de desmatamento e instalação de placas e tapumes para a construção do empreendimento imobiliário de alto luxo Manani no local.

Representantes da Organização Não Governamental (ONG) Gaia Religare fizeram um Boletim de Ocorrência (BO) na sexta-feira (1) na Polícia Civil, denunciando a supressão de vegetação nativa de restinga estabilizadora de mangue. Existem outras 14 denúncias da ONG sobre a situação a diversos órgãos. 

Morador da comunidade filmou teiú morto na praia. Foto:Reprodução
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) elaborou um parecer apontando que é irregular a autorização para supressão de vegetação no Morro da Guaibura. A Comissão Permanente de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca da Câmara Municipal também solicitou a suspensão imediata do licenciamento do Manani ao prefeito Edson Magalhães (PSDB).

Entretanto, a Gaia Religare ainda aguarda o posicionamento do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), que havia autorizado a construção do empreendimento. Uma reunião estava prevista para essa segunda-feira (4), mas a ONG não obteve mais informações.

Enquanto isso, a "boiada" passa no Morro da Guaibura. "Os bichos começaram a fugir. Não tem pra onde ir, vêm para praia, onde entram na água salgada e acabam morrendo. Outro dia foi uma capivara, que os cachorros acabaram matando aqui na praia. Hoje, foi um teiú. Qual vai ser a próxima vítima, pessoal, cadê as providências", denunciou um morador nessa segunda-feira, em um vídeo compartilhado nas redes sociais.

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De acordo com informe publicitário divulgado na imprensa capixaba, o "Manami Ocean Living" possui 72 apartamentos de três a quatro suítes – vários deles já vendidos, movimentando mais de R$ 40 milhões em negócios. Lançado oficialmente em novembro, em um evento com a presença do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), o empreendimento é propagandeado como "sustentável" e de "baixíssimo impacto ambiental", ocupando, segundo a publicação, apenas 15% da península.

Entretanto, a Gaia Religare fez um dossiê sobre o Morro da Gaibura, apontando a existência de pelo menos 11 Áreas de Preservação Ambiental (APP). Em seu ofício à Prefeitura de Guarapari e ao Idaf, o Iema recomendou expressamente que seja feito um estudo detalhado sobre a fauna e a flora do Morro da Guaibura. Segundo vistoria realizada pela autarquia, a área abriga espécies ameaçadas de extinção, em um ambiente de restinga e manguezal que demanda atendimento à legislação nacional.

Procurado, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) não deu retorno à solicitação de Século Diário até o fechamento desta matéria.

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