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Revogação da prisão de quilombolas presos a pedido da Aracruz Celulose será pedida nesta terça-feira

Será requerida a liberdade dos quatro quilombolas presos a pedido da Aracruz Celulose (Fibria) sob a acusação de roubo de galhos de eucalipto. O pedido deverá ser feito nesta terça-feira (18). A prisão foi realizada na semana passada, em Conceição da Barra, no norte do Estado, e os quilombolas imediatamente transferidos para o centro de triagem, em Viana, na Grande Vitória. 
 
A prisão foi decretada pelo juiz Salim Pimentel Elias, de Conceição da Barra. A defesa dos presos está a cargo do advogado Péricles de Oliveira Moreno. A ação está tramitando em segredo de Justiça. A Polícia Civil ainda está à caça de outros quilombolas para executar o mandado de prisão. 
 
Não é a primeira ação arbitrária deste tipo produzida pela Aracruz Celulose (Fibria) contra os quilombolas. Trata-se de um ato de subversão. Foi a empresa que grilou as terras dos quilombolas e lucra com plantios de eucalipto nestas áreas, desde que se instalou no Espírito Santo, em plena ditadura militar.
 
O uso intensivo das terras com plantios de eucalipto  exauriu as terras que usurpou. E  contaminou as águas e as terras dos poucos quilombolas que continuam resistindo às pressões das Aracruz Celulose (Fibria). Agora, esta empresa conta com a parceria da Suzano para pressionar  os donos das terras.
 
A ação
 
Subvertendo a história, a Aracruz Celulose (Fibria) acusou de roubo e conseguiu a prisão de quatro quilombolas da comunidade de São Domingos, em Conceição da Barra.  A ação foi realizada por cerca de 30 policiais civis do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e a Corrupção (Nuroc) Espírito Santo. Alguns quilombolas disseram que existem mais 24 mandados de prisão a serem cumpridos nesta ação contra os quilombolas.
 
Estão na cadeia Altione Brandino, Antonio Marcos Cardoso, Domingos Cardoso e Hamilton Cardoso. A Polícia Civil também prendeu na ocasião uma pessoa identificada como Fernandinho, e seu irmão, que não moram no local.
 
Nesta segunda-feira (17), Berto Florentino informou que os presos a pedido da Aracruz Celulose (Fibria) ainda estão em Viana. E disse que existem pessoas “rondando minha cerca”. Os quilombolas apontam que na lista para serem presos estão Ednaldo Conceição Soares e Marlene, também quilombolas.
 
Berto Florentino informou  que os quilombolas consideram próximo o momento em que retomarão suas terras da Aracruz Celulose (Fibria). Os quilombolas expulsos de suas terras, milhares deles, vivem com dificuldades nas periferias das cidades.
 
Para defender os seus interesses, a própria Aracruz Celulose (Fibria) criou uma “cooperativa” de trabalhadores. A empresa conseguiu no máximo 30 participantes. Mas, dos membros, pediu para prender dois. E conseguiu. “Esta cooperativa foi uma isca da Aracruz Celulose (Fibria) para mandar prender os quilombolas”,  aponta Berto Florentino. 
 
Os quilombolas relatam que os que foram presos a pedido da Aracruz Celulose estavam catando restos de eucaliptos em áreas de suas propriedades, reconhecidas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Terras na comunidade estão sendo objeto de ações do Ministério Público Federal (MPF), que exige sua  devolução aos seus verdadeiros donos.
 
Forte em política 
 
Embora tenha roubado terras dos  quilombolas, e também dos índios e de camponeses, a Fibria Celulose S.A, antiga Aracruz Celulose,  tem amigos poderosos. Financia as campanhas dos políticos, inclusive e principalmente do governador Paulo Hartung (PMDB). E recebe favores em troca.
 
Um ex-diretor Aracruz Celulose (Fibria), Robinho Leite, é hartunguete de longa data. Aliás, desde que ambos cursavam a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Leite foi secretário de Hartung, depois de Renato Casagrande. Agora, no terceiro mandato de Paulo Hartung, é o subsecretario de Estado do Governo. Robinho Leite é um grande articulador no governo para atender a empresa onde foi diretor, e também a outras  empresas.

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