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​Empresa capixaba se nega a comentar suposto tráfico de influência com filho de Bolsonaro

Gramazini Granitos foi citada em relações com Jair Renan, o “04” , que visitou o Estado em 2020

A Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, com sede em Barra de São Francisco, noroeste do Espírito Santo, não quis se pronunciar nesta segunda-feira (15) sobre o procedimento que o Ministério Público Federal (MPF) instaurou para investigar “possíveis crimes de tráficos de influência e lavagem de dinheiro” na relação de diretores da empresa com Jair Renan, o “04”, filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro, segundo matéria publicada na edição desse domingo (14) do jornal O Globo, com repercussão em outros veículos da imprensa nacional.

“O Sr. John Lucas não se encontra; não temos assessoria de imprensa; também não sei se a assessoria jurídica vai falar”. Na hora certa a gente vai falar sobre o assunto, ok?”. Assim se manifestou a secretária da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, que evitou dizer o nome, ao ser abordada por Século Diário, via telefone celular, para que o diretor da empresa, John Lucas, ou alguém credenciado pela diretoria, assumisse um posicionamento a respeito do caso.

Jair Renan esteve no Espírito Santo em setembro de 2020, onde manteve contato com algumas empresas, dentro das ações apontadas como lobby pelas quais se tornou conhecido. Segundo a reportagem, ele teria recebido uma doação de um carro elétrico no valor de R$ 90 mil e um retrato do pai esculpido em uma peça de mármore. Um mês depois, em outubro do ano passado, representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, conseguiram um encontro com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

O filho do presidente (foto abaixo) participou da agenda, que foi marcada a pedido de um assessor especial da Presidência. A reportagem revela que John Lucas Thomazini, um dos sócios, foi a Brasília para a inauguração da empresa de eventos de Jair Renan, espaço que também conta com placas de granito doadas pela Gramazini. O grupo empresarial vem apostando na influência de Jair Renan, nos últimos meses, para alavancar os negócios no Brasil e na expansão para o exterior, com foco nos Estados Unidos e em Israel.

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A firma recebe desde setembro de 2019 um benefício fiscal concedido pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), de 75% no pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), válido até 2028. Isso quer dizer que de 100% do imposto devido, apenas 25% é pago. De acordo com matéria de O Globo, o benefício é muito diferente do praticado pela maioria das empresas brasileiras. Só em 2021, o grupo, composto por 17 mineradoras, já recebeu pelo menos 15 autorizações da Agência Nacional de Mineração (ANM) para prospectar novas áreas, revela levantamento no Diário Oficial da União.

Não há irregularidades na redução de impostos, avaliação para pesquisas de campo ou intermediação de encontros com ministros, pois isso está previsto na legislação que inclui o norte do Rio Doce, no Espírito Santo, na área de benefícios da Sudene. Entretanto, a relação íntima do filho mais novo com o grupo empresarial levou o MPF ao procedimento para investigar possível tráfico de influência, principalmente em função do presente recebido por Jair Renan.

A notícia envolvendo o chamado “04”, o grupo capixaba, a ação do MPF e suas implicações foi assinada em O Globo pelo jornalista Pedro Capetti e teve ampla repercussão em todo o Brasil.

Jair Renan é filho de Bolsonaro com Ana Cristina Valle, que na última semana ganhou cargo no gabinete da deputada Celina Leão (PP-DF), como parte do acordo do presidente com o “Centrão” para eleger Artur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara Federal.

Em Brasília desde dezembro do ano passado, Ana Cristina, que é investigada juntamente com Fabrício Queiroz no esquema de corrupção de Flávio Bolsonaro (Republicanos) na Assembleia do Rio de Janeiro (Alerj), estaria atuando junto com o filho Bolsonaro Jr.

A Gramazini é uma das maiores empresas produtoras de rochas artesanais de Barra de São Francisco, que, por sua vez, é o maior produtor do Espírito Santo, que produz 82% desse mineral no Brasil. A cidade do noroeste capixaba é declarada por lei como “Capital Estadual do Granito” e está em vias de ser declarada “Capital Nacional do Granito”, conforme projeto de lei da deputada capixaba Soraya Manato (PSL), aliada de primeira do presidente Bolsonaro. 

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