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Governistas reagem a obstrução e derrubam sessão na Assembleia Legislativa

A novela da votação das contas do governador Renato Casagrande (PSB) ganhou mais um capitulo na manhã desta quarta-feira (17) na Assembleia Legislativa. Desta vez, foi uma manobra dos deputados governistas que derrubou a sessão sem que nenhuma matéria tenha sido votada. A batalha que está sendo travada agora envolve as contas do governador e os abonos para os servidores do Estado.

 
A sessão começou em um clima bem mais tranquilo do que o dessa terça-feira (16) e a impressão era de que os deputados iriam votar o projeto. Nos bastidores, os comentários eram de que após os ânimos exaltados do dia anterior, os deputados estariam dispostos a encerrar a discussão. Mas aos poucos o clima foi mudando e a tendência de que o projeto não fosse votado nesta quarta começou a ganhar corpo. 
 
Desculpas 
 
Antes disso, o momento foi de reparação das imagens. Na fase das comunicações, os parlamentares que se exaltaram na sessão anterior aproveitaram para fazer explicações e pedir desculpas. Não o deputado Hércules Silveira (PMDB), que foi cobrado na sessão dessa terça-feira, pelo deputado Freitas (PSB) por não ter registrado presença. 
 
O peemedebista foi à tribuna para afirmar que a população de Vila Velha, que lhe deu três mandatos de deputado, está satisfeita com sua atuação e cobrou execução de emendas para o município, insinuando que os deputados ligados ao governo tinham privilégio no atendimento das bases. 
 
O deputado Roberto Carlos, que disse nessa terça, que a situação estava ficando feia para os deputados que não eram “homens” suficiente para fazer a votação, pediu desculpas pela exasperação. O deputado Claudio Vereza (PT) pediu aparte para também se desculpar pelo palavrão utilizado na sessão, ao se referir à dificuldade de se reunir com os deputados do partido na condição de líder. 
 
Quem também fez pedido de desculpa pública foi o deputado Paulo Roberto (PMDB) ao secretário-chefe da Casa Civil, Tyago Hoffmann. No início da sessão dessa terça-feira, o peemedebista tentou impedir que o secretário entrasse no plenário para acompanhar a sessão. 
 
Ele não gostou da afirmação de Hoffmann, feita na segunda-feira (15), de que a rejeição das contas do governador pela Comissão de Finanças foi uma “jabuticaba”, dado o ineditismo da análise. Questionado sobre o gesto de Paulo Roberto, Hoffmann disse que as desculpas foram totalmente aceitas e que o caso foi superado.
 
Manobra 
 
Assim que a sessão entrou na Ordem do Dia, o clima mudou. Mesmo com o painel registrando 24 presenças, no momento, o deputado Nilton Baiano (PP) pediu verificação de quórum, denunciando que os deputados ligados ao governador eleito Paulo Hartung (PMDB) mais uma vez iriam obstruir a votação. 
 
A intenção era a de derrubar o quórum na votação do primeiro item da pauta, com o quórum de manutenção mantido pelos governistas, o que permitiram seguir para o item seguinte da pauta, garantindo que a Assembleia votasse os abonos dos servidores do Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas. 
 
Uma manobra diferente, então, foi adotada pelos deputados governistas. Eles também não registraram a presença, o que não garantiu quórum mínimo para a manutenção da sessão e os trabalhos foram encerrados. Apenas o deputado Luiz Durão (PDT), que presidia a sessão e dois deputados do PT, Roberto Carlos e Claudio Vereza, registram as presenças no painel eletrônico. A discussão volta à pauta na próxima segunda-feira (22), quando acontecerá a última sessão do ano. 
 
 O líder do governo, deputado Vandinho Leite (PSB), confirmou que a derrubada foi uma estratégia dos governistas para que possa haver um acordo. O deputado afirmou que está conversando com o líder da obstrução, o deputado Paulo Roberto, para buscar um entendimento. 
 
Sandro Locutor (PPS) foi mais enfático: “A estratégia é a mesma deles”. Freitas (PSB) jogou a responsabilidade nos oposicionistas. “Quem pede a verificação de quórum tem que registrar presença”. 
 
Já o deputado Paulo Roberto jogou com a movimentação tentando responsabilizar os governistas pela não votação dos abonos. Ele disse que um grupo de advogados estaria estudando a “tipificação do crime cometido pelo governador” ao não cumprir a meta fiscal e que com base neste parecer vai orientar o grupo de deputados aliados de Hartung na votação.
 
Ele admitiu, porém, que vem conversando com o líder do governo na busca de um entendimento para que a discussão possa chegar ao fim na próxima segunda-feira. Mas para os meios políticos a tentativa do grupo hartunguete é deixar a análise das contas de Casagrande para a próxima legislatura, já que, uma vez fora do Palácio Anchieta, o governador fica mais vulnerável às manobras da Assembleia. 
 
Acompanhamento palaciano
 
O secretário-chefe da Casa Civil chegou à Assembleia por volta das 8h40 e conversou com os deputados. Ele mais uma vez acompanhou a sessão na sala de atas e afirmou que a manobra dos governistas não teve orientação palaciana. 
 
Ele afirmou que até a próxima segunda-feira muitas conversas vão acontecer entre o governo e os deputados no sentido de aprovar as contas. Sobre o Orçamento do Estado, que também pode ser votado na próxima sessão, o secretário afirmou que como o Orçamento não compete ao atual governo e sim ao próximo, não acredita que haverá dificuldade na Casa. 
 
Sobre a afirmação do presidente da Assembleia, nessa terça-feira, de que o impasse no Legislativo é reflexo da disputa eleitoral, Hoffmann afirmou que para “o bem do Estado é importante que se supere a eleição e se olhe para frente”, disse. 

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