Fotos: Leonardo Sá
O semblante do governador Paulo Hartung se transformou quando o deputado estadual Sergio Majeski (PSDB, até quando?) o questionou nesta quarta-feira (28) sobre denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro contra membros de seu governo.

Durante prestação de contas do segundo semestre de 2017 na Assembleia Legislativa, sem a presença do povo, por conta das galerias totalmente lacradas, o governador Paulo Hartung, até aquele momento, surfava em enaltecer a sua gestão.
Recebia elogios, dizia frases de efeito e, em troca, aplausos, pequenas solicitações e questionamentos sobre assuntos mais amenos, muitos relacionados aos redutos eleitorais dos deputados. Mas parou diante das perguntas do parlamentar, único declaradamente de oposição ao atual governo.
Depois de denunciar que a Mesa Diretora manobrara para que sua participação não fosse a primeira, segundo a ordem de inscrição, Majeski observou que havia um paradoxo entre a fala do governador sobre corrupção quando seu próprio governo é acusado de corrupção: “O senhor mesmo é réu em Mimoso do Sul”, completou, referindo-se ao processo sobre a construção de um posto fiscal no município, que consumiu recursos da ordem de R$ 25 milhões, e não saiu do papel.
Em seguida, Majeski perguntou a Hartung como ele fala em avanço na área educacional, dando ênfase ao programa Escola Viva, se existem 61 mil alunos fora das salas de aula e 42 escolas fechadas no Estado.

“Como acreditar?”, questionou o parlamentar, diante de uma plateia formada por secretários, assessores, diretores de empresas e outros ocupantes de cargos comissionados. Hartung parecia estar comendo “um saco cheio de sal grosso”, como ele mesmo costuma falar em seus discursos, antes de responder.
Disse que as denúncias não têm sustentação e os casos estão sendo investigados. “A oposição é importante, mas não se pode revogar a lei da gravidade”, disse o governador, acrescentando: “Te respeito profundamente”, ao que Majeski respondeu: “Também respeito o senhor”, e pediu o afastamento das pessoas envolvidas nas denúncias, por serem ordenadores de despesa.
O parlamentar afirmou ter visitado 237 escolas estaduais, constatando a precariedade existente, resultante de três anos sem investimentos, e questionou a informação de Hartung de que o governo agora vai aplicar R$ 70 milhões para combater a evasão escolar.
A sessão especial de prestaçãoo de contas do governador Paulo Hartung começou exatamente às 9h15m, mas desde cedo, a movimentação na Assembleia Legislativa era intensa.
Nos corredores, o alto comando da Polícia Militar, o secretariado em peso, com exceção do de Segurança, André Garcia, que estava em Brasília representando o governador, que o chamou de “secretário extraordinário”, para amenizar as críticas generalizadas à sua gestão relacionadas à Segurança Pública.

Nem mesmo parlamentares da base aliada do governo, como a deputada Janete de Sá (PMN), ficou fora. Ela solicitou ampliação das delegacias especializadas em crimes contra mulheres, lembrando que este ano foram registradas 74 mortes de mulheres, 34 na Grande Vitória.
Paulo Hartung citou investimentos para o setor de segurança, mas admitiu: “Não estamos bem na foto” quando se trata de violência. Para ele, o governo sozinho não dá conta, tem que mudar a cultura.
A prestação de contas do Hartung não apresentou muitas novidades. Como no seu primeiro pronunciamento depois de eleito governador, em 2014, ele falou na desorganização administrativa de gestões anteriores (leia-se Renato Casagrande, do PSB) e diz estar fazendo o dever de casa.
O governador dialogou com o deputado Euclério Sampaio (PDT), que o questionou sobre segurança pública, e com Josias Da Vitória (PPS) sobre o mesmo assunto. Depois dos questionamentos, o governador anunciou o reajuste de 36% no auixílio-alimetação dos servidores públicos, que passa de R$ 220 para R$ 300, a ser pago no mês de março.
“Demos os passos necessários para mudar a trajetória do Espírito Santo”, afirmou, valendo-se de conceitos da filósofa Hanna Arendt, em torno da possibilidade do novo diante de situações de crise. “O Espírito santo está prontinho para decolar”, completou, mas deixou de responder a perguntas sobre a abertura de oportunidade de investimentos e de atração de empresas para o Espírito Santo, formuladas pelo deputado Enivaldo dos Anjos (PSD).