Sábado, 18 Mai 2024

Hartung tenta promover aliados para aumentar seu capital político

Hartung tenta promover aliados para aumentar seu capital político
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
Papo de Repórter analisa os movimentos do grupo do ex-governador Paulo Hartung na semana que passou e seus possíveis reflexos no processo eleitoral deste ano 
 
Nerter – Para quem diz que o momento certo de falar em eleição é junho, quando acontecerão as convenções partidárias, o ex-governador Paulo Hartung tem se movimentado bastante. Desde o final do ano passado, ele tem feito articulações tanto em nível nacional quanto estadual.Ele tem procurado aparecer diante dos holofotes, mas com o cuidado para manter uma distância segura do tema eleição, e tem acionado seus aliados para criar aquele clima de assédio que ele gosta de difundir nos meios políticos para confundir as lideranças e se fortalecer no processo de discussão. Mas os movimentos são os mesmo de outros carnavais, deixando no ar a impressão de que pode ser candidato a tudo ou a nada e que só vai se posicionar quando não tiver mais como protelar a decisão. 
 
Renata – É verdade. Foi assim que Hartung conseguiu manter o controle da classe política por dois mandatos enquanto esteve à frente do governo do Estado. Mas agora é diferente, não é? Ele não tem mais a caneta e aí tem de buscar estratégias para se fortalecer. Isso porque o governador Renato Casagrande não tem nem como fazer mistério, ele evidentemente é candidato à reeleição. A dúvida no palanque dele está em se ele vai conseguir manter unidas as forças que o elegeram e se vai mesmo conseguir conservar essa imagem de neutralidade na eleição presidencial tendo o partido dele, o PSB, uma candidatura própria com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. 
 
Nerter – Embora Casagrande e Hartung se afinem no discurso de que só falarão de eleição em maio, ambos estão tocando suas articulações a todo vapor. Não tem nem como ser diferente. Casagrande tem uma questão delicada nas mãos. O desastre da chuva alterou o planejamento da agenda eleitoral deste ano. O processo de fortalecimento dos prefeitos que atuariam como cabos eleitorais importantíssimos para o governador foi uma dessas alterações, em vez de fortalecer os municípios, o governador terá que ajudar os prefeitos a reconstruírem suas cidades depois da tragédia. Já Hartung precisa atrair holofotes para si. Ele está na planície e precisa criar fatos políticos. Aí vale até sair na foto do lado do Juninho...
 
Renata – Aliás, isso é uma situação que merece destaque. Há aí duas disputas sendo travadas, uma divisão em equipes. De um lado o PPS de Luciano Rezende, prefeito de Vitória, ex-aliado de Hartung, que declara apoio irrestrito a Renato Casagrande. De outro, está o prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia, o Juninho, que se aproxima de Hartung. Evidentemente que o prefeito da Capital tem mais peso. Afinal, está à frente da segunda principal vitrine política do Estado, depois do governo estadual, e, segundo, porque Luciano é presidente do partido no Estado. Juninho, além de estar isolado no PPS em relação ao apoio na disputa deste ano, tem enfrentado uma série de problemas em sua gestão.  
 
Nerter – Pois é. Chama a atenção porque o grande aliado de Hartung na Grande Vitória, não foi Juninho, que é mais ligado a Ricardo Ferraço que ao próprio Hartung. O apadrinhado de Hartung é Rodney Miranda, prefeito de Vila Velha. Aliás, esta foi a grande vitória do ex-governador na eleição de 2012 no Estado. Mas o próprio Rodney, que também é presidente do DEM, parece ter entendido o tamanho de seu partido e o prejuízo que seria ficar fora do palanque palaciano na eleição de outubro próximo. O DEM é aliado histórico do PSDB, que também sempre caminhou ao lado do PPS e do PTB. Mas com a ida do PPS para o palanque de Casagrande e a situação complicada dos tucanos e petebistas no Estado, o prefeito de Vila Velha está cada vez mais próximo de Casagrande. 
 
Renata – É uma questão de sobrevivência política para o DEM. Mas, outra coisa que chamou a atenção nesse encontro em Cariacica, além do constrangimento dos presentes, foi a impressão da classe política de uma nova estratégia do grupo de Hartung. A sensação nos meios políticos é de que ao indicar Haroldo Correa Rocha para elaborar as políticas de educação para Cariacica, Hartung busca dar visibilidade aos aliados. De alguma forma, isso se reflete nele, os comandados tendo sucesso podem trazer capital político para Hartung.
 
Nerter – O problema é que é muito pouco tempo para que um projeto de política educacional dê resultado e consiga reverberar no grupo de Hartung. Mas, de qualquer forma, a visibilidade conseguida agora pode dar ao ex-governador alguma consistência política para discutir os rumos do Estado na mesa de negociação com o governador. Hartung pode disputar o governo do Estado, como também pode disputar o Senado, ou talvez, ele esteja apenas querendo ingerir nas decisões que estão sendo tomadas neste período pré-eleitoral. 
 
Renata – Acho que você está correto. Quando surgiu a ideia de que ele seria candidato a governador, o grupo parecia esperar um esvaziamento do palanque de Renato Casagrande e uma migração em massa para seu palanque. Mas isso não aconteceu. Com a recuperação da popularidade do governador, os partidos e as lideranças preferiram não arriscar permanecendo ao lado do socialista. Sem o mandato e sem o arranjo político e institucional  fica mais difícil atrair as lideranças para seu palanque. 
 
Nerter – E para deixar ainda mais confuso o mercado, Hartung baixou o tom. O ex-governador que ensaiou uma postura crítica ao governador Renato Casagrande no início do ano passado, agora fala na união para a reconstrução do Estado. Para os observadores, o movimento de Hartung é de retração, diante da dificuldade em superar o governador. Não que Casagrande já esteja eleito e, aliás, Hartung tem condição de levar a disputa para o segundo turno, porque ainda tem garrafa vazia para vender, mas isso demandaria uma disputa acirrada, com risco. Se Casagrande perder a eleição, ele é senador em 2018 e se Paulo Hartung perder?
 
Renata – Se Paulo perder, o prejuízo é bem maior porque ele está sem mandato desde 2010 e de lá para cá, não teve nenhum cargo de notoriedade. E pelo jeito ele tem sentido o peso disso, afinal, está atirando para todos os lados mesmo. 

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