Sábado, 18 Mai 2024

Rodney reconhece que viagem foi equivoco e retorna às pressas ao Brasil

Rodney reconhece que viagem foi equivoco e retorna às pressas ao Brasil
O prefeito de Vila Velha Rodney Miranda (DEM) não suportou a pressão e decidiu abortar suas férias com a família em Nova York, que se estenderiam até o dia 29 de dezembro. Segundo nota publicada no site da Prefeitura de Vila Velha, Rodney "reassume suas funções ainda nesta segunda-feira (23). 
 
Foi impressionante a repercussão nas redes sociais tão logo foi confirmada a informação de que Rodney teria viajado para Nova York em férias com a família, deixando a cidade de Vila Velha praticamente submersa e à deriva. 
 
As críticas dos internautas, a maioria moradores de Vila Velha, tinham tom de revolta e indignação.  Na sexta-feira (21), um dia após deixar o país, Rodney acionou, já dos Estados Unidos, uma "equipe de bombeiros" para amainar as críticas que vinham de todos os lados: tanto de aliados como de adversários. A imprensa chegou a publicar que o até ex-governador Paulo Hartung (PMDB), eterno padrinho político de Rodney, teria aconselhado o amigo a não fazer a viagem. Membros do secretariado de Rodney também teriam se manifestado contrários à viagem.
 
Desespero
 
Na manhã de sábado (21), enquanto o governador Renato Casagrande (PSB) declarava situação de emergência em todo o Espírito Santo, na presença do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira - enviado às pressas ao Estado diante da gravidade da situação -, Rodney deve ter tido dimensão da bobagem que cometera ao deixar o comando da prefeitura em meio ao caos causado pelas chuvas que castigam o Estado há uma semana. 
 
Ainda na manhã do sábado, o prefeito de Vila Velha confirmou o retorno para o Brasil. Em conversa com os jornalistas, logo que desembarcou, Rodney disse que das 48 horas que se ausentou do Estado, passou cerca de 30 delas nos aeroportos. O prefeito declarou ao site Folha Vitória que não está preocupado com sua imagem política, mas sim com as famílias desabrigadas. 
 
Na segunda (23), para mostrar serviço, Rodney já anunciou uma reunião logo pela manhã com a equipe de governo. Na pauta, lógico, o balanço das chuvas.
 
Contradições
 
Desde sexta-feira (20), quando se assustou com a repercussão da viagem fora de hora, o prefeito tentou, num primeiro momento, acionar seus aliados para arrefecer a temperatura das críticas na redes sociais, na imprensa e nos meios políticos.
 
O presidente da Câmara, vereador Ivan Carlini (DEM), e o vice-prefeito de Vila Velha, Rafael Favatto (PEN), receberam a missão de provar que a viagem do prefeito não comprometia em nada as ações do município de enfrentamento às chuvas. Mas as declarações feitas por Carlini e Favatto, mal articuladas e em meio à pressão da opinião pública, pioraram ainda mais a situação de Rodney. 
 
Inicialmente, as informações de bastidores davam conta de que Rodney não transferira o comando da prefeitura ao vice, deixando a cidade à deriva. Ainda na sexta, Favatto pessoalmente negou a informação. Afirmou ter recebido o comando da prefeitura das mãos do próprio prefeito na quinta (19), horas antes de Rodney viajar. 
 
Embora Rodney teria dito que não fez a transferência oficialmente, mas teria deixado o vice de sobreaviso caso fosse necessário adotar alguma medida de emergência, ou seja, as informações não batem. Nas declarações que deu neste domingo à imprensa, logo que desembacou em Vitória, Rodney tornou a afirmar que não deixou o município sem vice. Na nova versão, ele disse que deixou por escrito que o vice Rafael Favatto assumiria em caso de emergência. 
 
O site institucional da prefeitura, por sua vez, chegou a divulgar uma matéria com a foto de Favatto reunido com a equipe para mostrar que Rodney tivera a preocupação de passar o bastão para o vice. Veja o título da notícia "plantada" pela assessoria da prefeitura: "Prefeito em exercício faz reunião com equipe por causa da chuva". 
 
Carlini também lembrou que Rodney comunicou à Câmara sobre a viagem, e classificou a atitude do prefeito como uma gentileza. O vereador esclareceu que o chefe do Executivo não precisava de autorização da Câmara para se ausentar, já que o afastamento era inferior a 15 dias.
 
As estratégias de Rodney, no entanto, naufragaram. A população canela-verde não aceitou as desculpas do prefeito. Para a maioria dos internautas que fizeram desabafos nas redes sociais, Rodney não poderia ter abandonado o barco no momento mais caótico da cidade. E destacaram que nada justificava a viagem do prefeito naquele momento.
 
Sem saída, Rodney abortou a viagem que se estenderia até o dia 29, e decidiu retornar neste domingo. Nas primeiras justificativas apresentadas, ainda de Nova York, para tentar explicar o inexplicável, Rodney cai em contradição. 
 
Na nota oficial, Rodney tenta convencer os moradores de Vila Velha que a situação sempre esteve sob controle. “Eu tinha certeza que todo o trabalho seria executado com eficácia neste período de chuvas, porque a equipe é competente e o vice-prefeito estaria à frente de todas as decisões". 
 
Embora encha a bola de Favatto, não é segredo para ninguém que a relação política entre prefeito e vice está desgastada. Favatto é considerado por Rodney uma mera peça decorativa, que nunca teve espaço na administração. Não fosse verdade, Rodney faria a transmissão oficial do cargo ao vice, e, como ele mesmo explicou, não deixaria por escrito que o vice só assumiria em caso de amergência. No momento de desespero, Rodney pediu e Favatto aceitou fazer o papel de marionete. Ninguém vai ficar sabendo se realmente havia a tal ordem por escrito e se é tudo uma encenação para amenizar a situação para o lado de Rodney.
 
Carlini, então, nem se fala. Todo mundo sabe que o presidente da Câmara sempre dançou conforme a música. O vereador do DEM só deu explicações vazias para tentar transformar a patuscada de Rodney em um episódio normalíssimo. Destacou a "gentileza" de Rodney em pedir permissão para viajar, em vez de explicar se o prefeito, que assumiu o comando da administração municipal no dia 1 de janeiro de 2013, teria mesmo direito a tirar férias antes de completar um ano de atividade à frente da prefeitura. Não se tem notícia de que os prefeitos empossados nos municípios capixabas, em janeiro, já tenham gozado férias.
 
Talvez seja por isso que na nota o prefeito, já se defendendo dos iminentes questionamentos sobre a legalidade das "férias", já se refira ao afastamento como "viagem de descanso". 

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