A entrada do governador Paulo Hartung (PMDB) na disputa pela presidência da Assembleia deve levar a maioria do plenário a mais uma escolha a contragosto. A possibilidade de o deputado Josias Da Vitória (PDT) estar prestes a desistir da disputa deve desmobilizar todo o bloco que se aglutinava em torno da virtual candidatura do pedetista.
Sem Da Vitória, a possibilidade de o bloco lançar outro nome faltando menos de 10 dias para a eleição, que será no próximo dia 2 de fevereiro, é mínima. Além disso, a saída do pedetista da disputa transfere o controle do jogo para a mão do governador Paulo Hartung, que terá agora duas opções dentro de seu campo de aliados: Theodorico Ferraço (DEM) e Dary Pagung (PRP).
Embora o atual presidente da Assembleia alegue que o governador estaria encampando sua candidatura, o bloco formado por PT, PMN, PRP e PV também tem uma opção bem interessante para o Palácio Anchieta. O presidente da Comissão de Finanças Dary Pagung é governista de carteirinha e menos imprevisível do que Ferraço.
Como o governo quer chapa única para a Assembleia, Ferraço e o grupo de Dary devem chegar a um denominador comum até o dia da eleição. Com essa movimentação, a Assembleia volta a ser submissa ao Executivo estadual.
Isso porque a premissa que reuniu o bloco e aglutinou a maioria do plenário, 16 deputados, entre novatos e reeleitos, era justamente a de criar uma interlocução com o Executivo que mantivesse a independência dos poderes. A intenção dos deputados do bloco era evitar a reedição de uma relação unilateral que dominou o Estado nos dois mandatos de Paulo Hartung.
No início da semana, os deputados deram outra demonstração de que não têm forças para manter essa interlocução. Mesmo sem ter o detalhamento de como seriam feitos os cortes no Orçamento de 2015, os deputados aprovaram a emenda substitutiva, sem qualquer questionamento.
Em seus dois mandatos, Hartung escolheu os quatro presidentes da Assembleia daquele período: Claudio Vereza (PT), César Colnago (PSDB), Guerino Zanon (PMDB) e Elcio Alvares (DEM), respectivamente. Os deputados, em alguns momentos, tentaram reagir à imposição do governo do Estado, mas não tiveram força para enfrentar o Palácio Anchieta.