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Moradores denunciam ação policial violenta em Consolação

Comunidade do Território do Bem relata que policiais atiraram próximo a casas e em horário de movimento 

A comunidade de Consolação, no Território do Bem, em Vitória, sofreu uma ação da Polícia Militar (PM) na manhã desta terça-feira (19) que espalhou pânico na região. Moradores que não quiseram se identificar, por medo de represálias, relatam que policiais subiram o morro, se esconderam na mata, e, ao avistar alguns homens na rua, começaram a atirar próximo a seis casas. 

Os moradores tiveram que se proteger das balas embaixo da cama. Todas as residências tinham crianças. “É desesperador. Aconteceu no horário que tem criança vindo da escola, que tem pai e mãe indo buscar os filhos no colégio, com muito medo de tomar um tiro de fuzil”, diz uma moradora.

Os rapazes alvos da Polícia correram e conseguiram fugir. Depois dos disparos, os policiais foram em direção ao bairro Bonfim, também no Território do Bem.

A moradora aponta que, diante desse tipo de ação policial, que tem sido frequente na região, as pessoas passaram a ter medo da PM. “Até mulher pode correr risco de sofrer alguma coisa. Eles falam que se correr, pode ser homem ou mulher, eles vão atirar”. Outro ponto denunciado é que a polícia tem tratado as mulheres da comunidade utilizando palavras de baixo calão, como “vagabunda” e “piranha”.
Os recorrentes casos nas comunidades motivaram, em agosto último, a realização da manifestação do Dia Nacional de Lutas dos Movimentos Negros Pelo Fim da Violência Racista da Polícia. A concentração foi na praça de Itararé, de onde os manifestantes seguiram rumo ao Quartel da PM, em Maruípe, para, posteriormente, retornar ao ponto de saída.
Leonardo Sá

O ato, que ocorreu em todo o Brasil, contou com a participação de diversas entidades da sociedade civil, majoritariamente as ligadas ao Movimento Negro. Na praça de Itararé, foi lido um manifesto nacional pelo fim da violência policial e de Estado.

“Enfrentar o racismo e as diversas violências e desigualdades decorrentes dele não é tarefa exclusiva da população negra. É responsabilidade de toda a sociedade brasileira. Dentre as consequências do racismo, a face mais perversa se expressa nas políticas de segurança pública, que elegem o corpo negro como inimigo e alvo. E isso estimula outras violências em todas as dimensões da vida”, aponta o documento.

Já em frente a quartel, um dos destaques feitos pelos manifestantes foi quanto à nomenclatura da região, denominada pelos moradores de Território do Bem, mas chamada pela grande imprensa e pelas forças de segurança como Complexo da Penha, nome considerado pejorativo. 

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